Haddad diz que sanção dos EUA contra Moraes é "fruto de má informação sobre a democracia brasileira"
Ministro da Fazenda aponta erro de avaliação sobre o Brasil e reafirma defesa do Judiciário
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, repudiou nesta quinta-feira (31) a decisão dos Estados Unidos de impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o Estadão Conteúdo, em entrevista concedida pela manhã, Haddad classificou a medida como resultado de uma “má informação sobre a democracia brasileira”.
A sanção aplicada pelo governo do presidente Donald Trump, com base na Lei Magnitsky — instrumento jurídico usado por Washington para punir autoridades estrangeiras acusadas de graves violações de direitos humanos —, teve como pano de fundo o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o governo brasileiro, a decisão norte-americana é politicamente motivada e representa uma ingerência indevida em assuntos internos do país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também reagiu com veemência à decisão da Casa Branca. “Inaceitável”, afirmou, segundo relato do Estadão, ao criticar diretamente Trump e reforçar que medidas unilaterais como essa são prejudiciais ao relacionamento entre os dois países.
Além da questão envolvendo o STF, o clima político também tem impactado as negociações econômicas. Haddad relatou que as conversas com os Estados Unidos para reverter a sobretaxa de 50% imposta a produtos brasileiros estão sendo contaminadas pelo ambiente político. De acordo com a reportagem, membros da comitiva de senadores brasileiros que estiveram em Washington optaram por manter suas agendas em sigilo, com receio de retaliações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-mandatário.
Ainda de acordo com a reportagem, Haddad também afirmou que o governo brasileiro continuará buscando o diálogo com os norte-americanos. “Nada do que foi decidido ontem não pode ser revisto”, declarou sobre a tarifa imposta aos exportadores brasileiros. O ministro ressaltou a disposição para levar argumentos técnicos às autoridades dos EUA e “buscar um resultado muito melhor”.
Segundo Haddad, o Brasil é signatário de todos os tratados internacionais relevantes na área de direitos humanos e mantém um Judiciário autônomo. Ele frisou que há disposição para discutir as divergências, mas sem abrir mão da soberania nacional. “Queremos sentar mesmo para discutir tudo”, disse o ministro, destacando ainda que há “muito trabalho pela frente”.
Um novo encontro entre Haddad e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, está previsto para as próximas semanas, na tentativa de reconstruir o diálogo e evitar prejuízos mais profundos nas relações comerciais entre os dois países.
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