Lenio Streck: "Fux não deve pedir vista no julgamento de Bolsonaro"
Jurista rebateu especulações e afirmou que não há elementos objetivos que sustentem hipótese de atraso no processo
247 - O jurista Lenio Streck afirmou que não vê fundamento na hipótese levantada por parte da imprensa de que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), poderia pedir vista e adiar a análise do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de participação em uma trama golpista.
A possibilidade vem sendo ventilada por jornalistas, mas, em entrevista ao programa Boa Noite 247, Streck classificou o cenário como improvável e sem respaldo em fatos concretos.
“O jornalista Elio Gaspari levantou essa hipótese e eu, de pronto, fiz um reto a isso, dizendo que não tinha sentido, é um pouco de uma profecia auto-realizada. Quando você levanta, às vezes, um balão de ensaio, é muito mais o que você gostaria ou o que você acha que vai acontecer do que os elementos objetivos [que você tem à disposição]. Porque o jornalismo tem que ter elementos objetivos”, afirmou.
Para o jurista, não faria sentido Fux assumir o ônus político de postergar um julgamento dessa magnitude, uma vez que o resultado final não seria alterado.
“O Fux tem todos os autos à disposição. Por que ele atrasaria esse processo e pegaria para si um ônus que não mudaria o resultado do julgamento? O Alexandre de Moraes se adiantou a essa discussão e remeteu anteriormente o link de todos os autos para todos os ministros. Por isso, eu não acredito em pedido de vista”, reforçou. Assista ao momento no vídeo abaixo:
Julgamento em andamento
O julgamento da chamada trama golpista começou nesta terça-feira (2) na Primeira Turma do STF. Além de Bolsonaro, estão entre os réus ex-ministros de Estado, militares de alta patente e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Na abertura, o relator Alexandre de Moraes leu o relatório da ação penal, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação dos acusados. À tarde, os ministros passaram a ouvir as sustentações das defesas.
As sessões estão previstas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, com expectativa de que a votação sobre as penas ocorra apenas na próxima semana. As condenações podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Os réus respondem por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.