Haddad diz ter "preocupação com a atuação da família Bolsonaro" junto a Trump contra o Brasil
Segundo o ministro, é preciso “tratar o que é política na política e o que é economia, na economia. Essa mistura está atrapalhando muito”
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), demonstrou preocupação nesta quarta-feira (6) com a atuação da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos, em meio ao agravamento das tensões comerciais entre os dois países após o tarifaço imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump.
“Confesso preocupação com a atuação da família Bolsonaro nos EUA. Vi uma entrevista muito forte do Eduardo Bolsonaro ameaçando o Congresso e dizendo que o empresariado do agro não está pedindo um arrefecimento das tensões”, afirmou Haddad, de acordo com a CNN Brasil. Segundo o ministro, é preciso “tratar o que é política na política e o que é economia, na economia. Essa mistura está atrapalhando muito”.
As declarações de Haddad fazem referência direta à entrevista concedida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à colunista Bela Megale, de O Globo. Nela, o deputado afirmou que tem atuado junto ao governo dos Estados Unidos com o objetivo de ampliar sanções contra o Brasil. A justificativa, segundo ele, seria a prisão domiciliar imposta a Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado.
Na entrevista, Eduardo Bolsonaro afirmou: “ou tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio”. O parlamentar, que está nos Estados Unidos, declarou que pretende permanecer fora do país por receio de ser preso. Ele também confirmou que enviará um ofício à presidência da Câmara dos Deputados em que alegará estar sendo vítima de perseguição política e tentará justificar sua ausência nas atividades legislativas.
Ainda segundo Eduardo, a única possibilidade de retorno ao Brasil seria mediante a aprovação de uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, solução que ele defende para enfrentar o que classificou como “crise institucional” causada por uma “ditadura de toga comandada pelo ministro Alexandre de Moraes”.
Eduardo também afirmou que o presidente norte-americano “colocou que essa era uma questão envolvendo a perseguição a Jair Bolsonaro, seus familiares e apoiadores”. Para ele, o tarifaço anunciado por Donald Trump seria uma resposta “legítima e necessária” diante da situação. Estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que a medida pode causar uma perda de R$ 19 bilhões no PIB brasileiro e reduzir as exportações em até US$ 54 bilhões.
Questionado se estaria pedindo mais sanções, o deputado enfatizou que “trabalho sim, neste sentido. Estou levando a prisão [de jair Bolsonaro] ao conhecimento das autoridades americanas e a gente espera que haja uma reação”.
Eduardo Bolsonaro também citou nominalmente os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), como alvos potenciais de sanções dos Estados Unidos. “Uma vez que não é pautado o impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado, uma vez que o presidente da Câmara não pauta uma anistia, eles estão entrando no radar. As pessoas em posição de poder têm responsabilidades e estão sendo observadas”, disse.
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