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Bolsonaro presta depoimento ao STF sobre tentativa de golpe nesta terça-feira

Bolsonaro será interrogado a partir das 14h30 na investigação sobre conspiração golpista e, segundo a defesa, "a chance de ele ficar em silêncio é zero"

Jair Bolsonaro e Celso Vilardi - 09/06/2025 (Foto: Ton Molina/STF)
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247 - Jair Bolsonaro (PL) será interrogado a partir das 14h30 desta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do processo penal que apura uma tentativa de golpe de Estado com o objetivo de mantê-lo no poder após as eleições de 2022. Até o momento, três acusados já prestaram esclarecimentos ao STF. 

Bolsonaro está determinado a não permanecer em silêncio diante do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do processo que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. De acordo com integrantes da sua equipe jurídica, “a chance de ele ficar em silêncio é zero”.

O ex-mandatário conta com o apoio de três bancas de advocacia. Ele passou o fim de semana em reuniões com seus advogados para um treinamento intensivo voltado ao interrogatório. Apesar da situação, Bolsonaro recusou receber orientações de profissionais da área de comunicação. De acordo com a reportagem, os advogados que acompanharam a preparação relataram que o ex-mandatário está tratando o caso com seriedade e deseja apresentar uma fala “contundente” ao ministro Moraes. 

Embora sua personalidade imprevisível costume gerar declarações inesperadas, os sinais apontam para um depoimento comedidamente calculado, evitando provocações, críticas diretas ou tentativas de criar impacto retórico — as chamadas “lacrações”. A estratégia desenhada é de um posicionamento sóbrio e centrado.

Bolsonaro será ouvido como acusado de liderar uma organização criminosa que articulou um plano de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito democraticamente em 2022. Além disso, ele responde pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de bem tombado. O ex-mandatário nega qualquer participação em ações golpistas.

O primeiro réu a ser ouvido nesta terça-feira foi o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Em seguida, depôs Anderson Torres, que chefiava o Ministério da Justiça à época dos fatos investigados. O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também foi interrogado, respondendo apenas às perguntas de seu advogado de defesa.

As oitivas estão sendo conduzidas pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pode fazer questionamentos. As demais defesas também têm o direito de interrogar os depoentes ao final de cada fala. Além de Moraes, o ministro Luiz Fux também participa da sessão. Moraes, relator do caso na Corte, e Fux integram a Primeira Turma da Corte.

Entre os réus, o único que será ouvido de forma remota é o general Walter Braga Netto. Ele se encontra preso no Rio de Janeiro e participará da sessão por videoconferência, sendo o último da lista de interrogados.

Durante o primeiro dia de audiências, na segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi interrogado e confirmou a existência de uma tentativa de golpe. Apesar disso, alegou que não participou diretamente da articulação. Segundo suas palavras, “presenciou grande parte dos fatos” relacionados ao plano golpista e assegurou que sua delação não foi resultado de coação.

Cid afirmou ainda que Bolsonaro “recebeu e leu” a chamada minuta do golpe — um esboço de decreto com medidas autoritárias. Segundo o militar, o ex-presidente chegou a editar o documento, “enxugando” trechos que mencionavam a prisão de diversas autoridades, mantendo apenas o nome do ministro Alexandre de Moraes como alvo. O deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também foi ouvido na segunda-feira.

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