Putin exige que Ucrânia abandone Donbass, renuncie à Otan e barre tropas ocidentais

247 - Na primeira cúpula Rússia-EUA em mais de quatro anos, realizada na última sexta-feira em Anchorage, no Alasca, Vladimir Putin apresentou a Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, as condições que considera essenciais para um possível acordo de paz na guerra contra a Ucrânia. A informação foi revelada pela agência Reuters, que ouviu três fontes próximas ao Kremlin.

Segundo a reportagem, Putin exigiu que a Ucrânia abandone por completo o controle das áreas restantes do Donbass, desista de se integrar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e assuma posição de neutralidade, sem presença de tropas ocidentais em seu território. Em contrapartida, Moscou estaria disposta a congelar as atuais linhas de frente nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia.

Concessões e impasses

As novas propostas representam uma flexibilização em relação à posição anterior do Kremlin, que incluía a anexação total de quatro províncias: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. Ainda assim, Kiev já havia rejeitado qualquer acordo que envolvesse a cessão de território.

Atualmente, as forças russas controlam cerca de 88% do Donbass e 73% das províncias do sul. Putin também sinalizou disposição de devolver pequenas áreas ocupadas nas regiões de Kharkiv, Sumy e Dnipropetrovsk.

No entanto, mantém a exigência de que a Ucrânia renuncie formalmente ao projeto de integração à Otan e de que o bloco militar, liderado pelos Estados Unidos, assuma compromisso vinculante de não expandir sua influência para o leste europeu.

Reações em Kiev e no Ocidente

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou mais uma vez qualquer retirada de territórios reconhecidos internacionalmente.  “Se estivermos falando de simplesmente nos retirarmos do leste, não podemos fazer isso”, afirmou. “É uma questão de sobrevivência do nosso país, envolvendo as linhas defensivas mais fortes”.

A adesão à Otan, ressaltou Zelensky, segue como um objetivo estratégico previsto na Constituição ucraniana e é considerada a garantia mais confiável de segurança.

Nem a Casa Branca nem a Otan responderam de imediato às propostas russas.

Trump busca papel de mediador

Donald Trump tem declarado repetidamente que deseja encerrar o conflito, classificando a guerra como um “banho de sangue” e dizendo aspirar ser lembrado como um “presidente pacificador”.“Acredito que Vladimir Putin quer ver isso terminado”, afirmou ao lado de Zelensky na Casa Branca, acrescentando sentir-se confiante em organizar um encontro direto entre os líderes russo e ucraniano, seguido de uma cúpula trilateral com participação dos Estados Unidos.