Rússia rejeita debate sobre garantias de segurança à Ucrânia sem sua participação, diz Lavrov
Chanceler russo afirmou que qualquer negociação sem Moscou é uma “utopia” e criticou a pressão da União Europeia sobre o governo Trump
247 - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguéi Lavrov, declarou nesta quarta-feira (20), em entrevista publicada pela teleSUR, que qualquer tentativa de discutir garantias de segurança para a Ucrânia sem a presença de Moscou é “um caminho a lugar nenhum” e uma “utopia”. O chanceler destacou que seu país não aceitará ser excluído de negociações que envolvem segurança coletiva na Europa e reafirmou que defenderá “com firmeza e rigor” seus interesses nacionais.
Lavrov lembrou que, durante as negociações realizadas em Istambul em 2022, a própria Ucrânia propôs um acordo que incluía sua neutralidade e a presença de todos os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — entre eles Rússia, China, Estados Unidos, Reino Unido e França — como garantes do pacto. Para o ministro, esse formato é “a única via possível para alcançar uma segurança igual e indivisível entre todas as partes”.
Críticas à União Europeia e à política dos EUA
Em sua fala, o chanceler russo também criticou duramente a União Europeia, classificando suas medidas como “bastante torpes e pouco éticas” ao tentar influenciar a posição do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele reforçou que qualquer iniciativa internacional deve incluir a Rússia desde a fase preparatória e revelou que Moscou chegou a propor a Kiev a criação de três grupos de trabalho no âmbito do processo de Istambul, mas não obteve resposta.
As declarações ocorrem no contexto da recente reunião entre Vladimir Putin e Donald Trump no Alasca, onde os dois presidentes expressaram disposição em buscar uma solução para o conflito. Posteriormente, Trump se reuniu com o presidente ucraniano Volodímir Zelenski e com líderes europeus, em encontros que também abordaram possíveis garantias de segurança para Kiev.
Debate sobre cessar-fogo e fornecimento de armas
Ao comentar sobre propostas de cessar-fogo, Lavrov afirmou que a manutenção dos fluxos de armamentos ocidentais à Ucrânia inviabiliza qualquer trégua, caracterizando essa política como “confrontação aberta” liderada por Washington. Segundo ele, sem a suspensão do envio de armas, qualquer proposta de paz é “inconsistente”.
A Casa Branca, por meio de sua secretária de imprensa Carolyn Levitt, respondeu que os Estados Unidos manterão apoio “no ar” como parte de futuras garantias de segurança, mas reiterou a posição de Trump de que não haverá tropas americanas em solo ucraniano.