Eduardo Bolsonaro quer ampliar sanções contra o Brasil e mira ministros do STF na Europa
Após os EUA aplicarem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, deputado articula apoio europeu para ampliar ofensiva contra a soberania nacional
247 - O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) quer ampliar a ofensiva internacional contra o Supremo Tribunal Federal (STF), após a aplicação da Lei Magnitsky pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o ministro Alexandre de Moraes. A sanção incluiu também uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Enquanto Eduardo trata os episódios como vitórias pessoais, setores do bolsonarismo tentam controlar os danos e evitam vincular publicamente suas imagens às medidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Na quarta-feira (30), Trump anunciou oficialmente a inclusão de Moraes na lista de sanções da Lei Magnitsky e detalhou o aumento tarifário sobre produtos vindos do Brasil. O texto do decreto carrega marcas claras da atuação de Eduardo e de seu aliado Paulo Figueiredo, influenciador que atua como interlocutor do bolsonarismo nos Estados Unidos. “Nosso foco vai se ampliar para a Europa no segundo semestre. Agosto é morto na Europa, mas, em setembro, já temos reuniões em vários parlamentos. O objetivo de curto prazo são ações contra vistos europeus dos ministros”, disse Figueiredo à reportagem.
Lideranças do PL, contudo, preferiram adotar cautela sobre o caso. Enquanto parlamentares concentraram críticas em Moraes, evitando comentar o impacto econômico da tarifa, governadores aliados de Jair Bolsonaro, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Júnior (PR), optaram por ignorar completamente o assunto. Oficialmente, o partido tem reforçado a defesa do ex-presidente e feito ataques ao governo Lula, tentando afastar o foco das ações de Eduardo.
Com o sentimento de avanço nos Estados Unidos, Eduardo e Figueiredo voltam agora suas atenções ao continente europeu. Segundo o influenciador, a dupla já organiza reuniões com parlamentares europeus a partir de setembro, com o objetivo de pressionar por sanções semelhantes àquelas impostas por Trump. A meta imediata seria a revogação de vistos europeus de ministros do STF, incluindo Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, presidente da Corte.
Ainda de acordo com a reportagem, a articulação encontrou algum eco no Parlamento Europeu: 16 deputados, liderados pelo polonês Dominik Tarczyński, assinaram uma carta ao Conselho Europeu pedindo sanções contra Moraes, repetindo os argumentos já usados por Trump — de que o ministro persegue opositores e atua para implantar uma ditadura no Brasil. Apesar disso, a repercussão é considerada limitada, dado o tamanho do Parlamento Europeu, que possui 720 cadeiras.
A reação europeia, contudo, não foi unânime. Francisco Assis, eurodeputado português e membro da Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, afirmou que a proposta de sanção não deve avançar. “Nenhuma chance de isso prosperar. A esmagadora maioria dos governos europeus jamais apoiariam uma coisa dessas. Eles respeitam a soberania brasileira. Aliás, neste momento está a se criar um sentimento antiamericano na Europa como jamais existiu. Então, há uma solidariedade com as posições brasileiras contra Donald Trump”, declarou.
Apesar da euforia de Eduardo e aliados, sua atuação internacional não tem gerado a mobilização esperada dentro do próprio bolsonarismo. Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, o deputado tem se queixado da apatia de aliados, inclusive de figuras com grande alcance, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que estaria sendo “pouco ativo” em relação às ações de Eduardo nos Estados Unidos.
Mesmo evitando ampliar o debate sobre o tarifaço de 50% imposto por Trump, parlamentares bolsonaristas aproveitaram a popularidade da Lei Magnitsky para pressionar internamente. Nesta quinta-feira (31), deputados do PL exigiram a expulsão do partido do deputado Antônio Carlos Rodrigues (SP), que elogiou Moraes e criticou Trump.“A pressão da nossa bancada foi muito grande. Nossos parlamentares entendem que atacar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é uma ignorância sem tamanho”, disse o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em nota. “Trump é o presidente do país mais forte do mundo”, ressaltou.
Mesmo com esse respaldo ao norte-americano, a comunicação oficial do PL tem evitado mencionar Eduardo Bolsonaro. A estratégia tem sido atacar o presidente Lula pela crise nas exportações e defender Jair Bolsonaro das acusações que enfrenta no STF por tentativa de golpe de Estado.
Essa postura deve guiar também a manifestação convocada para este domingo (3), na Avenida Paulista, em São Paulo. Sob o lema “Reaja, Brasil”, o ato pretende reunir apoiadores de Bolsonaro em defesa do ex-mandatário. O evento ocorre às vésperas de uma possível conclusão do julgamento dos acusados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, que pode ocorrer em setembro caso não haja pedido de vista.
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