Julgamento do STF sobre redes sociais afeta popularidade de Lula, que passa a ser associado a 'censura'
Decisão do Supremo impulsiona narrativas de autoritarismo em grupos bolsonaristas e expõe o governo a nova crise de imagem digital
247 – Na última semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para responsabilizar as plataformas digitais pelo conteúdo publicado por usuários nas redes sociais, ao julgar a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet. A decisão — com placar provisório de 7 votos a 1, com único voto contrário do ministro André Mendonça — provocou um salto expressivo nas menções ao STF em redes como WhatsApp e Telegram, segundo dados da empresa Palver, que monitora mais de 100 mil grupos públicos. Entre os dias 9 e 10 de junho, registraram-se 154 menções a cada 100 mil mensagens; entre os dias 11 e 12, esse número saltou para 372 — um crescimento de 141,5%.
As palavras mais replicadas nos grupos foram “censura”, “liberdade”, “ditadura” e “fim da democracia”. A narrativa predominante nesses ambientes descreve a decisão do Supremo como um suposto avanço autoritário que colocaria o Brasil no caminho da censura, com o STF “legislando” no lugar do Congresso. Vídeos e montagens circulam associando os ministros a regimes como os da China e da Venezuela.
A situação se intensificou após uma entrevista da primeira-dama Janja da Silva ao podcast Se ela não sabe, quem sabe?, da Folha, em que ela mencionou o “modelo chinês” de regulação da internet. Trechos descontextualizados da entrevista, como a frase “lá, se não seguir regra, tem prisão”, passaram a ser usados como combustível para a teoria de que o governo Lula estaria implantando uma agenda autoritária, segundo análise publicada na Folha de S. Paulo, na coluna Encaminhando com Frequência.
Nas plataformas de mensageria, vídeos que circulam com alta viralização alegam que o presidente Lula teria pressionado o STF para avançar na regulação das redes sociais, motivado pela queda de popularidade e pelo aumento de críticas que ele e Janja estariam sofrendo. Essa percepção reforça, na visão da direita digital, a ideia de que o governo deseja controlar a liberdade de expressão para limitar opositores.
Por outro lado, nos grupos públicos associados à esquerda, a decisão do STF foi interpretada como um avanço civilizatório. Os defensores da medida argumentam que responsabilizar as plataformas ajuda a coibir campanhas sistemáticas de desinformação, discursos de ódio e ataques à democracia. Apesar disso, o engajamento nesses grupos foi significativamente menor do que nas comunidades bolsonaristas.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: