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      Julgamento de Bolsonaro repercute na imprensa francesa e é classificado como "processo histórico"

      Veículos da França destacam impacto internacional do julgamento do ex-mandatário em meio a tensões políticas e econômicas no Brasil

      Jair Bolsonaro - 24/03/2025 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - A imprensa francesa voltou seus holofotes para o Brasil nesta terça-feira (2), data marcada pelo início do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a RFI, jornais e portais franceses definem o processo como um “julgamento do século”, ressaltando que é a primeira vez que uma tentativa de golpe no Brasil chega oficialmente ao tribunal mais alto do país.

      De acordo com o Libération, os 12 ministros do STF têm até 12 de setembro para deliberar, em um processo que é acompanhado de perto pela comunidade internacional. Os Estados Unidos, sob o governo do atual presidente Donald Trump, já ameaçaram impor sanções ao Brasil. Desde 6 de agosto, Trump determinou uma sobretaxa punitiva de 50% sobre produtos de exportação brasileiros, como o café, em defesa de seu aliado político, denunciando o que chamou de “caça às bruxas”, conforme lembrou a Franceinfo.

      O jornal Ouest France, o mais vendido no país, e o conservador Le Figaro informaram que Bolsonaro, que enfrenta a possibilidade de até 43 anos de prisão, não comparecerá pessoalmente ao julgamento. Já o diário econômico Les Échos classificou o processo como histórico, mas praticamente sem suspense, considerando a condenação quase certa. Mesmo assim, a publicação destacou que o futuro político do ex-mandatário ainda divide o Brasil, país marcado por forte polarização.

      Imagens da agência Reuters mostraram apoiadores de Bolsonaro em vigília diante do condomínio onde o ex-presidente cumpre prisão domiciliar em Brasília, no dia 1º de setembro. Já a emissora CNews ressaltou o clima de tensão em que o julgamento acontece, justamente às vésperas do 7 de Setembro, data emblemática para sua base política.

      Em entrevista à RFI, o cientista político Christian Lynch, autor do livro “O Populismo Reacionário: Ascensão e Legado do Bolsonarismo”, destacou que, mesmo com parte da direita afastando-se de Bolsonaro, ele ainda conta com forte apoio entre setores da população.

      “No Brasil, o que ocorre é que a extrema direita surge como reação à consolidação da democracia e ao aparecimento de novos atores, setores antes subalternizados, pessoas que não tinham visibilidade até os anos 1990 ou 1994. Observamos o surgimento de contingentes da população negra, a emancipação das mulheres”, explicou Lynch.

      Segundo ele, esse movimento seria uma espécie de revolta das elites tradicionais: “É por isso que falam tanto em nome da liberdade: trata-se da liberdade de rejeitar a democracia para manter o controle. É a liberdade do senhor, do dominador, que não quer abrir mão da sua posição”.

      Para a rede France24, o julgamento representa um momento simbólico e decisivo para a democracia do Brasil, ao testar a capacidade das instituições de processar um ex-presidente. A análise ressalta ainda o protagonismo do Judiciário na defesa dos equilíbrios democráticos.

      Já a historiadora Maude Chirio, especialista em Brasil e ouvida pela rádio France Inter, avalia que o processo reflete um amadurecimento democrático, embora a sociedade brasileira continue fragmentada. Segundo ela, parte da direita moderada enxerga Bolsonaro como um obstáculo e defende virar essa página mirando nas eleições de 2026.

      Acompanhe o julgamento pela TV 247:

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