Putin representou o BRICS no encontro com Trump no Alasca, diz Pepe Escobar
Em análise no programa Pepe Café, jornalista afirma que reunião de 150 minutos abriu espaço para redefinir relações entre Rússia e Estados Unidos
247 – O jornalista Pepe Escobar afirmou, em seu programa Pepe Café, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, representou o BRICS durante a reunião de 150 minutos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Alasca. Segundo Escobar, o encontro foi um divisor de águas no cenário geopolítico global e pode abrir caminho para um redesenho das relações estratégicas entre Moscou e Washington.
“Putin estava representando os BRICS no Alasca. Mudou o paradigma. Os russos vão continuar desmilitarizando a OTAN”, afirmou Escobar logo no início de sua análise. O jornalista destacou ainda que a Rússia levou ao encontro uma delegação de alto nível, considerada por ele como um verdadeiro “Dream Team”, incluindo o chanceler Sergei Lavrov, o ministro da Defesa, o ministro das Finanças e outros assessores próximos ao Kremlin.
União Europeia tratada como “aluninhos” em Washington
Escobar também analisou os desdobramentos após o encontro no Alasca, quando líderes da União Europeia foram recebidos por Trump na Casa Branca. Para ele, a cena revelou a subordinação política do bloco a Washington.
“O mestre circense do império do caos passando a reprimenda dizendo: ‘Cala a boca, vocês vão fazer o que eu vou mandar daqui pra frente’”, ironizou Escobar, descrevendo a postura dos líderes europeus como “sete anões voadores” que se comportaram como estudantes diante de um diretor.
Linhas vermelhas da Rússia e o impasse ucraniano
Embora os principais acordos entre Putin e Trump permaneçam secretos, Escobar destacou que ficou claro aos norte-americanos que não será possível chegar a uma solução para a guerra na Ucrânia sem respeitar as condições impostas pela Rússia.
“Trump finalmente percebeu que não vai haver nenhum tipo de evolução levando a uma possível resolução da tragédia ucraniana sem respeitar as linhas vermelhas russas”, disse Escobar. Entre essas condições, estão a neutralidade da Ucrânia e sua exclusão definitiva da OTAN.
Para o jornalista, a pressão contra qualquer avanço nesse sentido será enorme, partindo do chamado “deep state” norte-americano, de democratas e republicanos antagônicos a Trump, além do complexo industrial-militar.
BRICS e o Sul Global ganham espaço
Outro ponto ressaltado por Escobar foi o papel de Putin como interlocutor dos BRICS. Ele lembrou que, após o encontro, o presidente russo manteve conversas com outros líderes do bloco, incluindo o presidente Lula.
“Isso é extremamente importante, porque é como se ele tivesse conseguido uma pequena janela de respiração para os BRICS, já que Trump suspendeu sanções extras e tarifas contra países do grupo”, explicou.
Guerra prolongada
Apesar da relevância do encontro, Escobar afirmou que a guerra na Ucrânia está longe de acabar. Segundo ele, a Rússia seguirá enfraquecendo militarmente a OTAN.
“O processo de desmilitarização da Ucrânia e da OTAN vai continuar, porque os russos vão continuar desmilitarizando a OTAN no ritmo atual e talvez ainda mais acelerado”, concluiu. Assista: