Governo não pedirá ao Senado mudanças no projeto do IR aprovado pela Câmara
Secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, diz que perdas serão compensadas com imposto sobre mais ricos
247 - O secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, afirmou nesta sexta-feira (3) que o governo não pedirá alterações no projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que isenta do Imposto de Renda (IR) quem recebe até R$ 5 mil por mês. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Pinto destacou em entrevista à GloboNews que o texto já foi negociado com o Executivo e que o equilíbrio fiscal está preservado, mesmo com a ampliação da faixa de desconto.
Isenção ampliada e compensação com altas rendas
Segundo o secretário, a compensação das perdas de arrecadação foi mantida. “Na verdade, o que aconteceu foi o seguinte: não houve redução da compensação, o que aconteceu foi um aumento no benefício”, disse.
Ele explicou que a faixa de desconto do IR foi ampliada de R$ 7 mil para R$ 7.350, aumentando a renúncia fiscal. Porém, a diferença será compensada com a cobrança de um imposto mínimo sobre rendas acima de R$ 50 mil mensais.
Impacto fiscal e pressão sobre a inflação
Marcos Pinto minimizou os efeitos do projeto sobre a inflação. “A nossa visão é que o impacto disso sobre a equação é muito marginal e, além disso, a gente tem um Banco Central gerindo a política monetária”, afirmou.
Resistência à tributação de LCI e LCA
O secretário comentou ainda a medida provisória que busca substituir a alta do IOF, reconhecendo que o governo pode recuar em parte da proposta de tributar títulos hoje isentos, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA).
“Realmente a gente vai ceder em vários pontos, inclusive reduzindo a tributação dos títulos que a gente propôs para os títulos isentos”, declarou. Segundo ele, os setores beneficiados resistem a mudanças que representam renúncia de R$ 40 bilhões.
Reforma tributária e administrativa
Pinto também defendeu a aprovação do texto de regulamentação da reforma tributária, mesmo com mudanças inesperadas feitas no Senado. Ele ressaltou que os princípios de “neutralidade, simplicidade e eficiência” foram preservados.
Sobre a reforma administrativa em discussão na Câmara, foi enfático ao criticar privilégios de determinadas carreiras. “Os supersalários que a gente vê nos diversos poderes, ultrapassando o teto, são um absurdo”, disse.
Foco em reformas microeconômicas
O secretário afirmou ainda que a agenda econômica não será comprometida pela proximidade das eleições de 2026. Para ele, o momento é de priorizar reformas microeconômicas que ajudem a reduzir o custo do crédito.
“A Selic está hoje em 15%. Mas o custo médio bancário do Banco Central é de 25%. Então, a gente tem que lutar para reduzir a Selic, mas temos 10 pontos porcentuais de spread bancário que precisamos atacar. Isso dói muito na vida do empresário e da população”, concluiu.