Gilmar defende Moraes e critica relatório de direitos humanos feito pelo governo Trump
Ministro do STF afirmou que atuação de Moraes evitou que o Brasil mergulhasse em um “abismo autoritário”
247 - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), saiu em defesa do colega Alexandre de Moraes nesta quarta-feira (13) e criticou o relatório anual de direitos humanos divulgado ontem pelo governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump. O documento acusa Moraes e o governo brasileiro de “repressão ao debate democrático e à liberdade de expressão”, argumento já usado pela extrema-direita para atacar as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Em declaração feita no encerramento de uma palestra do cientista político Steven Levitsky no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual é sócio, Gilmar afirmou que as sanções contra Moraes são “arbitrárias” e elogiou sua condução dos inquéritos.
“Gostaria de enfatizar o importante trabalho realizado no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes. Após ter recebido sanções arbitrárias por sua atuação firme e desassombrada, foi ontem acusado em um relatório do Departamento de Estado norte-americano por não admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, sejam praticados crimes e veiculados discursos de ódio e de atentar contra os direitos humanos”, disse o ministro, segundo reportado pelo portal UOL.
Gilmar Mendes afirmou ainda que, sem a atuação de Moraes, “muito provavelmente o país poderia ter mergulhado em um abismo autoritário” e que a história recente do Brasil é, na verdade, de “resiliência institucional bem-sucedida” diante das investidas golpistas do bolsonarismo.
A crítica ao relatório também veio de uma das mais importantes organizações internacionais de direitos humanos. A Human Rights Watch (HRW) acusou o governo Trump de manipulação política e de encobrir graves violações cometidas por aliados, como El Salvador, Hungria e Israel. Segundo Sarah Yager, diretora da HRW em Washington, o documento foi usado como “arma política” para atacar governos não alinhados à Casa Branca, enquanto apagava abusos contra mulheres, pessoas LGBTQIA+, pessoas com deficiência e outros grupos vulneráveis.
No caso brasileiro, o texto do Departamento de Estado repete a narrativa da extrema-direita ao afirmar que houve restrição desproporcional de discursos de apoiadores de Jair Bolsonaro. A distorção ignora o contexto das investigações sobre a articulação de ataques ao sistema eleitoral e a pregação de golpe de Estado. Segundo o Washington Brazil Office, a estratégia busca “desmoralizar as responsabilizações contra os ataques ao Estado Democrático de Direito do Brasil”.