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Governo prepara bloqueio de emendas após derrota no Congresso

Equipe econômica deve congelar até R$ 10 bilhões em emendas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (no centro), o senador Eduardo Braga (MDB-AM) à esquerda; e o líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) à direita (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve bloquear de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões em emendas parlamentares como forma de compensar a perda de receita prevista para 2026, após a rejeição de uma Medida Provisória (MP) que buscava reforçar o caixa federal. A informação foi confirmada pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a equipe econômica trabalha com o bloqueio como medida inevitável diante do esvaziamento da MP que previa aumento de tributos sobre bets, fintechs e títulos de crédito. “Haverá contingenciamento de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões só de emendas. Vamos buscar alternativas para manter a arrecadação, mas essa é uma consequência inevitável”, declarou Randolfe.

Derrota estratégica no plenário

A Medida Provisória, apelidada pela oposição de “MP Taxa Tudo”, não chegou sequer a ser votada em plenário. Por 251 votos a 193, a Câmara decidiu retirar o texto da pauta, um movimento que expôs a força da aliança entre o PL e o Centrão contra o aumento de impostos para os mais ricos.

O governo havia flexibilizado parte da proposta, retirando o aumento da tributação sobre as apostas esportivas online, mas a mudança não foi suficiente para garantir apoio. 

PT intensifica discurso nas redes

Diante do revés, a cúpula petista decidiu reforçar a comunicação direta com a população. A estratégia é ampliar a ideia de que os “ricos precisam pagar mais impostos para garantir justiça social”. O mote da campanha digital é a chamada “taxação BBB” – bilionários, bancos e bets – contrapondo interesses das elites econômicas às necessidades da classe média e trabalhadores.

O partido lançou nesta quinta-feira (9) novas inserções publicitárias com a pergunta: “Que País você quer? O que mantém privilégios para os super-ricos? Ou o que taxa quem é bilionário para zerar o imposto de quem ganha menos?”.

Debate acirrado no plenário

Durante as discussões, deputados trocaram acusações diretas. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), criticou a postura da oposição: “A aliança do PL com o Centrão para defender a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a PEC da Blindagem contou com a reação das ruas. Vocês estão novamente dando um tiro no pé. Estão morrendo de medo do Lula e do desempenho do governo. O nome disso que os senhores fazem aqui é molecagem”.

Já o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), reagiu às ameaças de contingenciamento. “Este governo está à deriva. Ameaçou tirar cargos, agora fala em cortar emendas, mas a verdade é que o Brasil não aguenta mais pagar impostos”, disse.

Perspectivas

Com a derrota da MP, o Palácio do Planalto enfrenta um cenário de maior fragilidade política e precisa encontrar alternativas para evitar rombos no orçamento de 2026, ano eleitoral. O impasse acirra a disputa entre governo e oposição, enquanto o PT aposta em intensificar sua presença nas redes para sustentar o discurso de que o Congresso está do lado dos privilegiados.

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