'Tarcísio é uma ficção. Não tem força nenhuma sem Bolsonaro', afirma José Dirceu
Ex-ministro diz que governador de São Paulo faz “jogo de cena” com articulação pela anistia para se viabilizar como candidato de Bolsonaro
247 - O ex-ministro José Dirceu fez duras críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Dirceu declarou que Tarcísio “não existe” politicamente sem o apoio de Jair Bolsonaro (PL) e classificou a atual movimentação em torno de uma proposta de anistia como “jogo de cena” da direita para preparar o governador como candidato ao Palácio do Planalto.
Segundo o ex-ministro, o discurso em defesa da anistia é parte de uma estratégia política que busca criar condições para uma candidatura de Tarcísio de Freitas, deixando em segundo plano a possibilidade de Jair Bolsonaro disputar novamente as eleições. “Acho que há um pouco de jogo de cena, há uma névoa, porque eles querem Tarcísio como candidato. O mercado quer, e o União Brasil e o PP querem, o próprio PL, pelo menos uma parte”, afirmou Dirceu em entrevista ao UOL.
Dirceu afirmou que respeita a escolha dos eleitores paulistas, mas destacou que a trajetória de Tarcísio só se consolidou em razão da influência de Jair Bolsonaro. “Ele é governador de São Paulo. O povo paulista o elegeu. Eu respeito por isso. Mas ele não existe. Quem é o Tarcísio? Ele foi colocado para ser o candidato e o eleitorado conservador votou nele”, disse.
Para o ex-ministro, o governador representa uma “ficção” política criada para ocupar o espaço da direita no cenário nacional. Na avaliação de Dirceu, a direita brasileira vive um vácuo de lideranças. “A direita brasileira hoje não tem um líder orgânico, não tem um líder empresarial político, não tem uma coalizão política empresarial que governa o país. O Tarcísio é uma ficção. Eles não têm ninguém, não tem um governador de Estado, não tem um ex-ministro, deputado, senador para colocar presidente”, disse. "Por isso que ele precisa do Bolsonaro, porque não tem força nenhuma. Não tem base eleitoral de Tarcísio Freitas. Não tem o 'tarcisismo', vamos dizer assim”, ressaltou mais à frente
Ainda conforme Dirceu, “quem está conduzindo o Tarcísio são as forças políticas do agro, do sistema financeiro, legitimamente, que veem nele um meio para privatizar a Petrobras, os bancos públicos, tirar a vinculação do salário mínimo com a Previdência, tirar os pisos salariais e fazer a Previdência ser privada”. “Isso é um projeto nacional para desmontar o que sobrou de estado de bem-estar social da Constituição de 88”, alertou o ex-ministro.
Além de Tarcísio, Dirceu direcionou críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Segundo ele, o parlamentar atua em favor dos interesses do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao apoiar sanções contra autoridades brasileiras e tarifas de 50% sobre produtos nacionais. “Ele não tem apenas que perder o mandato, tem que perder a nacionalidade, porque ele está a serviço de um governo estrangeiro, é só ler a nossa Constituição, isso é proibido”, afirmou.
Eduardo Bolsonaro, que tem se mantido fora do país, pode perder o mandato na Câmara dos Deputados por excesso de faltas. Na tentativa de evitar a cassação, encaminhou recentemente ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), um pedido para exercer suas funções de forma remota.