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      Lula não vê em Trump disposição para o diálogo e defende ação coordenada do BRICS sobre tarifaço

      Presidente afirma que Brasil buscará articulação com países do BRICS diante do tarifaço e critica postura autoritária de Trump

      Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (6) que buscará articulação com os países do BRICS para uma resposta coordenada ao aumento das tarifas imposto pelos Estados Unidos. Em entrevista concedida à agência Reuters e repercutida pela Agência Gov com informações da Agência Brasil, Lula explicou que pretende ligar para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e para o presidente da China, Xi Jinping, com o objetivo de construir uma estratégia conjunta frente às sanções econômicas.

      "Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão", declarou. O presidente lembrou que dez integrantes do BRICS fazem parte do G20, o que reforça a força política e econômica do bloco no cenário global.

      As tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos começaram a valer nesta quarta-feira. No mesmo dia, o presidente norte-americano Donald Trump publicou novo decreto elevando em 25% as tarifas sobre produtos indianos, alegando que o país importa direta ou indiretamente petróleo russo.

      Governo prepara resposta e quer preservar empregos

      Lula reforçou que a prioridade de seu governo neste momento é garantir a manutenção dos empregos e apoiar as empresas brasileiras a encontrarem novos mercados. Segundo ele, o Ministério da Fazenda deve encaminhar ainda hoje ao Palácio do Planalto a minuta da medida provisória com ações planejadas para enfrentar os impactos do tarifaço.

      "Temos que criar condições de ajudar essas empresas. Temos obrigação de cuidar da manutenção dos empregos das pessoas que trabalham nessas empresas e ajudar essas empresas a encontrar novos mercados para seus produtos", disse Lula. O presidente também demonstrou disposição para conversar com empresários norte-americanos: “Temos preocupação de conversar com os empresários norte-americanos, a brigar com o presidente Trump para que ele possa flexibilizar isso [as tarifas]”.

      “Trump não quer telefonema”, afirma Lula

      Durante a entrevista à Reuters, Lula foi questionado sobre a ausência de contato direto com o presidente norte-americano e respondeu com franqueza: “Eu não liguei porque ele não quer telefonema. Não tenho por que ligar para o presidente Trump, porque nas cartas que ele mandou e nas suas decisões ele não fala em nenhum momento em negociação, o que ele fala é em novas ameaças”.

      Apesar da resistência de Trump ao diálogo direto, Lula ressaltou que os negociadores brasileiros já mantiveram dez reuniões com representantes oficiais dos Estados Unidos desde maio. “Estou fazendo tudo isso [negociando] quando poderia anunciar uma taxação dos produtos americanos. Não vou fazer porque não quero ter o mesmo comportamento do presidente Trump. Quero mostrar que quando um não quer, dois não brigam — e eu não quero brigar com os Estados Unidos”.

      O presidente ainda avaliou que retaliar os EUA com tarifas poderia gerar demissões naquele país e que esse tipo de medida não ajuda a resolver conflitos. “Quero dar exemplo ao presidente Trump”, afirmou.

      Soberania brasileira não está em negociação

      Lula reagiu com firmeza à tentativa de intromissão do presidente dos Estados Unidos em assuntos internos do Brasil. “Não é uma intromissão pequena, é o presidente da República dos Estados Unidos achando que pode ditar regras em um país soberano como o Brasil. Não é admissível que os Estados Unidos ou qualquer outro país resolva dar um pitaco na nossa soberania”, disse.

      “Ele que cuide dos Estados Unidos. Do Brasil, cuidamos nós. Só tem um dono esse país, e só um dono que manda no presidente da República: é o povo, o povo que elegeu, o povo que pode tirar”, completou.

      Lula também recordou a atuação norte-americana no golpe civil-militar de 1964, reforçando que a soberania brasileira precisa ser respeitada em qualquer circunstância.

      Bolsonaro e Eduardo são “traidores da Pátria”, afirma Lula

      Questionado sobre as tentativas de Donald Trump de interferir no processo judicial contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, Lula foi direto: “Esse cidadão não estava preparado para disputar eleições e perder. Ele tinha o comportamento de um ditador, ele queria se perpetuar no poder”.

      Na visão do presidente brasileiro, Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, deveriam responder por novos processos. “Ele e o filho dele deveriam ter outro processo e ser condenados como traidores da Pátria. Traidor da Pátria, isso é o que ele é. Porque não tem precedente na história: um presidente da República e um filho que é deputado ir para os Estados Unidos para insuflar os Estados Unidos contra o Brasil. Isso nunca existiu na história, acho que de nenhum país do mundo”.

      Lula critica ataque à regulação das big techs

      O presidente também condenou as críticas de Trump à legislação brasileira sobre regulação de empresas de tecnologia. “Esse país é soberano, tem uma Constituição, tem uma legislação. É nossa obrigação regular o que a gente quiser regular de acordo com os interesses e a cultura do povo brasileiro. Se não quiser regulação, saia do Brasil”, afirmou.

      Para Lula, a visão de Trump é de destruição do multilateralismo. “Você sabe por que eu entrei no sindicato? Porque um trabalhador sozinho, fazer negociação com a Mercedes, com a Ford, com a General Motors, o acordo sempre será um acordo mau para o trabalhador e bom para o empresário”, comparou.

      Segundo Lula, o presidente dos Estados Unidos tenta substituir o diálogo coletivo por negociações unilaterais: “Taxação abusiva não leva a lugar nenhum. As coisas vão ficar mais caras para o povo brasileiro. As coisas vão ficar mais caras para o povo americano. As coisas vão ficar mais caras para o mundo”.

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