Rui Costa minimiza impacto do tarifaço de Trump e prevê queda de preços no Brasil
O ministro sinalizou que o governo Lula busca estreitar a relação com outros países, além dos EUA, para proteger empresas e trabalhadores brasileiros
247 - O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta quarta-feira (6) que o governo Lula intensificou a busca por novos destinos para produtos brasileiros, como Índia e China. De acordo com o titular da pasta, o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, pode ter como resultado a baixa dos preços no Brasil, pois, com a tarifa, empresas dos Estados Unidos comprariam menos de exportadoras brasileiras, o que faria o setor produtivo ter menos demanda do exterior e, por consequência, aumentaria a oferta no mercado interno, gerando a queda de preços. Três produtos não ficaram entre os 694 itens não tarifados pelos EUA e continuarão sujeitos ao aumento de imposto: café, carnes e frutas.
Em entrevista à rádio Princesa FM, de Feira de Santana (BA), Rui reforçou que o governo Lula busca estreitar o comércio com outros países, como China e Índia, para diminuir os impactos do tarifaço.
"Estamos intensificando essa diversificação de investimentos, buscando comprar e vender produtos, trazer investidores de países diferentes para que, primeiro, o Brasil possa receber muitos investimentos, segundo, investimentos de nacionalidades diferentes para não ficar dependente de país nenhum", disse.
"O impacto é importante, mas ele não é devastador para economia nacional. Quinze, 20 anos atrás, o Brasil exportava mais de 25% para os EUA. Se fosse naquela época, o estrago seria gigantesco, mas hoje o Brasil exporta apenas 12% e muitos produtos exportados para lá são facilmente realocados para outros países, por exemplo, carne".
O presidente Donald Trump menciono a investigação do plano golpista contra Jair Bolsonaro como uma das motivações para impor pesadas tarifas às exportações brasileiras. O político da extrema direita brasileira, atualmente réu no caso e em prisão domiciliar, tornou-se um elemento central na disputa comercial entre os dois países.
Enquanto a justiça brasileira avança no processo contra Bolsonaro, os governos de Lula e Trump mantêm conversas em busca de um acordo que possa reverter ou amenizar os efeitos do "tarifaço" – medida que ameaça setores estratégicos da economia brasileira. A situação expõe as tensões políticas e econômicas entre as duas nações, que tentam equilibrar disputas ideológicas e interesses comerciais.
Produtos isentos do tarifaço. São 694 divididos nos seguintes grupos:
- suco e polpa de laranja
- Combustíveis e derivados energéticos
- Minérios (como ferro)
- Fertilizantes
- Aeronaves civis, motores e peças
- Celulose e polpa de madeira
- Metais preciosos
Comércio
Números da Amcham Brasil mostram que as vendas do Brasil para os Estados Unidos registraram um aumento significativo no ano passado, tanto em valor quanto em volume. O valor total exportado chegou a US$ 40,3 bilhões, um crescimento de 9,2% em relação a 2023. O volume físico atingiu 40,7 milhões de toneladas, com alta de 9,9% no mesmo período.
Entre os destaques da pauta exportadora estão produtos como café, carne bovina, celulose, petróleo bruto e aeronaves, que consolidam os EUA como um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Os números reforçam a sólida relação econômica entre os dois países e evidenciam a resiliência das exportações brasileiras, mesmo em um cenário global desafiador. A demanda americana por commodities e manufaturados nacionais segue como um importante motor para a balança comercial do Brasil.
Carne e café
Dados da ApexBrasil revelam que, nos primeiros nove meses de 2024, as vendas de carne bovina brasileira para os Estados Unidos registraram um salto de 58% em volume, atingindo 147 mil toneladas. Em valor, as exportações renderam US$ 867,4 milhões, um crescimento de 48,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No setor cafeeiro, o Brasil também alcançou marcas históricas. Segundo a Embrapa, o país exportou 46,1 milhões de sacas de café (60 kg) em 2024, um aumento expressivo de 30,6% frente às 35,3 milhões de sacas vendidas em 2023.
Os EUA se consolidaram como o maior comprador individual, adquirindo 7,6 milhões de sacas – um avanço de 40,7% em relação ao ano passado. Esse resultado reforça a liderança global do Brasil no fornecimento de café e destaca a dependência do mercado americano, que segue como o principal destino do produto nacional.
Os números evidenciam a resiliência das exportações brasileiras, mesmo diante de possíveis barreiras comerciais, e confirmam a sólida relação comercial entre Brasil e EUA nos setores de carne e café.
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