Trump se reúne nesta quarta-feira com premiê do Catar em meio a impasse sobre cessar-fogo em Gaza
Encontro ocorre enquanto Israel mantém exigência de controle sobre parte do território palestino e resistência recusa proposta dos sionistas
247 - Em meio a um cenário diplomático estagnado e diante de uma catástrofe humanitária sem precedentes na Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, receberá nesta quarta-feira (16) o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Muhammad bin Abdulrahman Al Thani, para um jantar formal na Casa Branca. A informação foi divulgada pelo canal Al Mayadeen, com base em agências internacionais.
A visita do dirigente catarino sinaliza a continuidade dos esforços de mediação entre a Resistência Palestina e o governo de Israel. No entanto, os últimos dias foram marcados por retrocessos significativos nas negociações. Segundo fontes americanas, o ponto de maior tensão segue sendo a exigência israelense de manter forças militares ocupando mais de um terço do território de Gaza durante os 60 dias de cessar-fogo propostos.
Apesar do discurso otimista de Trump, que afirmou recentemente acreditar na possibilidade de um acordo, as conversas mais recentes emperraram. De acordo com diplomatas envolvidos, ainda há “lacunas importantes” entre as posições das partes. Mais cedo, Trump também deve se reunir com o rei e o príncipe herdeiro do Bahrein, numa tentativa de ampliar a pressão regional por uma saída negociada.
Fontes palestinas que acompanham as negociações relataram que Israel está tentando impor o chamado “mapa de redistribuição”, o qual permitiria ao exército israelense manter presença militar em zonas estratégicas de Gaza — incluindo o sul de Rafah e partes do norte e leste do território. Esse plano, segundo os palestinos, forçaria centenas de milhares de civis deslocados a se concentrarem em uma pequena faixa de terra próxima à fronteira com o Egito.
Uma fonte da delegação palestina afirmou que “as negociações em Doha estão enfrentando um revés e dificuldades complexas devido à insistência de Israel, desde sexta-feira, em apresentar um mapa de retirada que na verdade é um mapa de redistribuição e reposicionamento do exército israelense, em vez de uma retirada genuína”.
O Hamas rejeitou os mapas propostos. “A delegação do Hamas não aceitará os mapas israelenses... pois eles essencialmente legitimam a reocupação de aproximadamente metade da Faixa de Gaza e transformam Gaza em zonas isoladas, sem travessias ou liberdade de movimento”, declarou uma fonte próxima ao grupo palestino.
Outras questões pendentes incluem o fornecimento adequado de ajuda humanitária e garantias de que a guerra será efetivamente encerrada. Uma autoridade palestina ouvida pela Reuters afirmou: “A crise pode ser resolvida com mais intervenção dos EUA”, indicando que o papel de Washington será decisivo para romper o impasse atual.
Enquanto os líderes se reúnem em jantares formais e negociações secretas, a população civil de Gaza vive uma tragédia em escala histórica. Segundo o Ministério da Saúde local, mais de 57 mil palestinos foram mortos e mais de 132 mil ficaram feridos desde o início da ofensiva israelense, em outubro de 2023.
A destruição é generalizada: cerca de 90% das residências foram danificadas ou destruídas, e quase toda a infraestrutura civil está comprometida. Hospitais, escolas e sistemas de abastecimento de água operam com recursos mínimos, enquanto 1,9 milhão de pessoas — 90% da população — encontram-se deslocadas. A maioria vive em barracas ou abrigos improvisados.
A fome também atinge níveis alarmantes. Estima-se que 470 mil pessoas enfrentam situação de fome catastrófica, com mais de um milhão em condição de emergência alimentar. O sistema de saúde opera precariamente, com metade dos hospitais funcionando parcialmente e sem suprimentos médicos básicos.
A reunião entre Trump e o premiê do Catar ocorre, assim, em um contexto de pressão internacional crescente por soluções concretas. Mas, até agora, a diplomacia norte-americana tem mostrado limitações em conter a escalada israelense e garantir alívio imediato para a população palestina.
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