Rússia vê vitória enquanto Trump adota abordagem de Putin para encerrar guerra na Ucrânia
Moscou enxerga virada histórica nas relações com os EUA após cúpula no Alasca, marcada por gesto caloroso de Trump e sinal de afastamento da Europa
247 – Na cúpula realizada em Anchorage, no Alasca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu o presidente da Rússia, Vladimir Putin, com um tapete vermelho e um gesto de cordialidade que, para Moscou, simbolizou um ponto de virada nas relações entre os dois países. A informação foi publicada neste sábado (16) pelo jornal The Washington Post.
De acordo com o veículo, a Rússia interpretou o resultado do encontro como uma vitória estratégica: pela primeira vez em anos, Washington deixou de exigir o fim imediato dos combates na Ucrânia. Esse recuo representaria não apenas uma mudança significativa na política externa norte-americana, mas também um enfraquecimento do alinhamento tradicional dos EUA com seus aliados europeus.
Um marco nas relações entre EUA e Rússia
Após o encontro, Trump apareceu ao lado de Putin em frente à imprensa internacional, reforçando a imagem de aproximação entre os dois líderes. Para o Kremlin, o gesto foi simbólico: indicaria que os Estados Unidos estariam dispostos a adotar uma abordagem mais próxima da defendida por Moscou para a resolução da guerra.
Segundo a reportagem, a percepção em Moscou é de que o presidente norte-americano sinalizou abertura para negociar a paz nos termos do Kremlin, colocando em xeque anos de pressão ocidental sobre a Rússia. Essa mudança também gera apreensão na União Europeia, que teme um enfraquecimento da frente diplomática construída desde 2022 em defesa da Ucrânia.
Trump e Putin: o peso de uma imagem
A presença lado a lado dos dois chefes de Estado foi destacada como um momento chave. Putin, segundo analistas citados pelo Washington Post, buscava não apenas reconhecimento político, mas também uma demonstração de que a Rússia não está isolada na cena internacional. Já Trump, ao receber o líder russo de forma calorosa, buscou reforçar sua imagem de negociador capaz de “encerrar guerras” — uma promessa que marcou sua campanha eleitoral.
A reação europeia e o impacto na Ucrânia
Embora ainda não tenha havido anúncio formal de mudança de política, diplomatas europeus reagiram com preocupação. Para eles, a retirada da exigência norte-americana pelo cessar-fogo imediato pode abrir espaço para que a Rússia imponha suas condições à Ucrânia, ampliando o desequilíbrio das negociações.
O encontro no Alasca, portanto, é visto como mais do que um gesto simbólico: representa uma reconfiguração do tabuleiro geopolítico, com impacto direto sobre a guerra que já dura mais de três anos.