Integrantes da flotilha denunciam que Greta foi forçada a segurar bandeira israelense
Ativista foi presa e sequestrada por Israel ao tentar levar ajuda humanitária a Gaza na flotilha da liberdade
247 – Greta Thunberg foi empurrada, agredida e obrigada a segurar uma bandeira israelense por militares de Israel, segundo relatos de ativistas da Flotilha da Liberdade, divulgados pela CNN Brasil com base em reportagem da Reuters. Os depoimentos indicam que a jovem sueca, símbolo global da luta ambiental e pelos direitos humanos, foi usada como peça de propaganda pelo governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu, que mantém uma guerra devastadora contra o povo palestino em Gaza.
O americano Windfield Beaver, de 43 anos, afirmou à Reuters que Greta foi “tratada de forma terrível” e “usada como propaganda”. Ele contou que a ativista foi empurrada para dentro de uma sala quando o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, conhecido por seu extremismo, chegou ao local. Segundo Beaver, os agentes israelenses agiram de forma violenta e humilhante.
A denúncia foi reforçada por Hazwani Helmi, cidadão malaio de 28 anos, que também integrava a flotilha. “Foi um desastre. Eles nos trataram como animais”, disse. Ele afirmou que os ativistas ficaram detidos sem acesso a água potável, comida adequada ou medicamentos, tendo seus pertences confiscados.
Os dois foram deportados junto a outros 137 ativistas internacionais, que desembarcaram neste sábado (4) em Istambul, após serem expulsos de Israel. A missão humanitária, composta por barcos de mais de dez países, tinha como objetivo romper o bloqueio naval imposto à Faixa de Gaza, levando alimentos e suprimentos ao território palestino — hoje devastado por uma ofensiva militar israelense amplamente denunciada como genocídio.
Entre os deportados havia cidadãos da Turquia, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Marrocos, Itália, Kuwait, Líbia, Malásia, Mauritânia, Suíça, Tunísia e Jordânia, segundo o Ministério das Relações Exteriores turco. O governo israelense, por sua vez, classificou a operação humanitária como uma tentativa “ilegal” de violar o bloqueio a Gaza.
O deputado italiano Arturo Scotto, que também participava da flotilha, repudiou as ações de Israel: “Aqueles que estavam agindo legalmente eram as pessoas a bordo dos barcos; os ilegais foram os que impediram a ajuda de chegar a Gaza”. A parlamentar Benedetta Scuderi acrescentou: “Fomos brutalmente impedidos, brutalmente tomados como reféns”.
De acordo com o grupo israelense Adalah, que presta assistência jurídica aos detidos, muitos ativistas foram forçados a se ajoelhar com as mãos amarradas por mais de cinco horas e impedidos de ter acesso a advogados, banheiros e medicamentos, depois de gritarem “Palestina Livre”.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel, no entanto, negou as acusações, classificando-as como “completamente mentirosas”. Em comunicado, afirmou que todos os detidos “tiveram acesso a água, comida e banheiros”, sem apresentar provas.
A Flotilha da Liberdade, lançada no final de agosto, representou uma das mais recentes tentativas de romper o bloqueio imposto há mais de 17 anos à Faixa de Gaza — um bloqueio que transformou o território palestino em uma prisão a céu aberto. Desde o ataque do grupo Hamas a Israel, em outubro de 2023, o governo de Benjamin Netanyahu intensificou bombardeios e ofensivas que já mataram dezenas de milhares de civis palestinos, em sua maioria mulheres e crianças.
A denúncia de que Greta Thunberg — uma das vozes mais conhecidas da juventude global — foi violentada e usada como instrumento político por um regime que perpetra crimes contra a humanidade ilustra o nível de brutalidade do governo Netanyahu. Sob o pretexto da “segurança nacional”, Israel segue desafiando o direito internacional, reprimindo ações humanitárias e mantendo um cerco genocida sobre Gaza.