Polícia de Londres prende centenas de manifestantes que foram às ruas protestar contra o genocídio em Gaza
Ato desafiou o banimento do grupo Palestine Action e ocorreu dois dias após ataque a sinagoga em Manchester
247 – A Polícia Metropolitana de Londres prendeu centenas de pessoas neste sábado (4) durante um protesto em solidariedade ao povo palestino e contra o genocídio em Gaza. A manifestação também denunciou o banimento do grupo Palestine Action, classificado como organização terrorista pelo governo britânico. As informações são da agência Reuters, que acompanhou os confrontos e as reações políticas ao movimento.
O protesto, convocado pelo grupo Defend Our Juries, reuniu milhares de manifestantes no centro da capital britânica. Mesmo após pedidos das autoridades para que o ato fosse cancelado, em razão do ataque ocorrido dois dias antes em uma sinagoga em Manchester, a mobilização foi mantida. No atentado, duas pessoas foram mortas e o agressor, um cidadão britânico de origem síria, foi morto pela polícia. O caso é investigado como um possível ato de terrorismo inspirado por ideologia extremista islâmica.
Governo pede calma e respeito às vítimas
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, publicou uma mensagem na rede X (antigo Twitter) pedindo moderação aos manifestantes. “Peço a todos que estejam pensando em protestar neste fim de semana que reconheçam e respeitem o luto da comunidade judaica britânica”, escreveu. “Este é um momento de luto, não de incitar tensões ou causar mais dor. É hora de estarmos unidos”, completou.
Apesar do apelo, os organizadores mantiveram a manifestação, afirmando que ela já estava marcada antes do ataque em Manchester e tinha como objetivo denunciar a criminalização da militância pró-Palestina e o silêncio do governo britânico diante da tragédia humanitária em Gaza.
Centenas de prisões e resistência pacífica
Segundo a polícia, 442 pessoas foram presas até as 17h30 (horário local) por declararem apoio ao Palestine Action, número que equivale a cerca da metade das detenções registradas em um protesto semelhante em setembro.
Os detidos foram carregados pelos agentes enquanto a multidão, estimada em mais de mil pessoas, aplaudia e gritava palavras de apoio. “Estou enojada com a polícia, eles não deveriam prender manifestantes pacíficos”, disse a ativista Angie Zelter à Reuters. “Temos o direito de protestar, e o Palestine Action não é uma organização violenta; nunca deveria ter sido proibida”, completou.
Outros seis manifestantes foram detidos separadamente após estenderem uma faixa com o nome do grupo na ponte de Westminster, em frente ao Parlamento britânico.
Repressão e tensões crescentes
A manifestação faz parte de uma série de protestos que vêm ocorrendo desde o banimento do Palestine Action em julho, depois que integrantes do grupo invadiram uma base aérea e danificaram aviões militares britânicos. A decisão do governo tornou crime qualquer demonstração pública de apoio à organização.
A polícia britânica afirmou que a operação de segurança exigiu o redirecionamento de agentes que estavam destacados para a proteção de sinagogas e mesquitas, reforçada após o ataque em Manchester. Já o grupo Defend Our Juries repudiou o atentado contra a comunidade judaica, mas acusou o governo de usar o episódio como pretexto para suprimir manifestações políticas.
O Reino Unido vive um aumento de episódios antissemíticos e islamofóbicos, alimentando um clima de tensão e medo entre as comunidades judaica e muçulmana.
Conflito em Gaza e pressão internacional
A repressão aos protestos pró-Palestina ocorre enquanto Israel mantém sua ofensiva militar contra o Hamas na Faixa de Gaza, em uma guerra que já dura dois anos. Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que Israel cesse os bombardeios, após o Hamas declarar estar disposto a libertar reféns e aceitar partes de um plano de cessar-fogo.