Embaixador russo na ONU critica decisão europeia sobre sanções contra o Irã: "Parece que estamos lidando com gângsteres"
Dmitry Polyansky acusa Reino Unido, França e Alemanha de ação ilegal e alerta para os danos ao acordo nuclear com Teerã
247 - O embaixador interino da Rússia nas Nações Unidas, Dmitry Polyansky, reagiu com veemência à decisão do chamado "E3" — Reino Unido, França e Alemanha — de iniciar o processo de restauração das sanções contra o Irã. Durante coletiva de imprensa na sede da ONU, ele afirmou que essa atitude prejudica a cooperação internacional no que se refere ao programa nuclear iraniano e afirmou que o mecanismo acionado por essas potências carece de fundamentos legais.
Polyansky foi enfático ao declarar que a decisão das três potências europeias afetará o clima geral em torno das questões nucleares de Teerã, dificultando o avanço das negociações. “Vai afetar o clima geral sobre as questões relacionadas ao programa nuclear iraniano e complicar a cooperação internacional nesse sentido”, disse o embaixador russo.
Críticas ao "Mecanismo de Retorno Automático"
Polyansky também criticou severamente o mecanismo de "snapback", que permite restaurar sanções automaticamente. O diplomata russo considerou a medida totalmente ilegal, afirmando que não há respaldo jurídico para a reativação das sanções. “Esperamos que, mesmo no caso desses três países [europeus] que tomaram esse passo ilegal, o bom senso prevaleça. Não reconhecemos fundamentos jurídicos para esse mecanismo”, destacou.
Com um tom contundente, Polyansky foi além ao comparar a postura dos países europeus com atitudes de grupos criminosos, deixando claro o descontentamento de Moscou com o rumo das negociações. “Partimos do princípio de que estamos lidando com pessoas sérias e de intenções sérias, mas parece que estamos lidando com alguns gângsteres”, afirmou.
Fracasso das Negociações
A decisão europeia de restaurar as sanções contra o Irã ocorre após a falha nas negociações sobre o programa nuclear iraniano. Em uma declaração conjunta, os chanceleres do Reino Unido, França e Alemanha informaram ao Conselho de Segurança da ONU sobre a reativação das sanções, interrompendo as negociações multilaterais que envolviam o Irã e outras potências internacionais.
Essa posição foi prontamente rejeitada por Teerã, que vê a medida como mais um obstáculo no caminho da diplomacia e do retorno ao acordo nuclear de 2015.