Rússia acusa Ocidente de falta de transparência na investigação de explosão do Nord Stream
Moscou denuncia resistência ocidental em permitir apuração independente sobre explosões nos gasodutos
247 - A Rússia voltou a criticar a postura dos países ocidentais em relação à investigação sobre os ataques aos gasodutos Nord Stream, ocorridos em setembro de 2022. Em declaração ao Conselho de Segurança da ONU, o Primeiro Representante Permanente Adjunto da Rússia na organização, Dmitry Polyansky, afirmou que a falta de cooperação demonstra a ausência de interesse em esclarecer o caso de forma imparcial. As informações foram divulgadas pela agência TASS.
Segundo Polyansky, o comportamento dos países europeus diante do episódio evidencia um padrão de “dois pesos e duas medidas”, o que reforça, segundo ele, a necessidade urgente de uma investigação internacional independente. “Esses dois pesos e duas medidas apenas reforçam a convicção de que nossos colegas ocidentais não têm absolutamente nenhum interesse em uma investigação completa e objetiva do ataque terrorista no Mar Báltico”, declarou.
O diplomata russo destacou que algumas autoridades ocidentais têm tentado vincular a sabotagem à guerra na Ucrânia, o que chamou de “linha míope e perigosa”, por dividir terroristas “em bons e maus” e comprometer a luta global contra o terrorismo.
Polyansky também questionou a alegação de um representante da Dinamarca de que Copenhague teria colaborado de maneira significativa com Moscou durante as apurações. Ele ressaltou que o Serviço Federal de Segurança da Rússia enviou mais de cinco pedidos de assistência jurídica, todos negados sob a justificativa de ameaça ao Estado dinamarquês.
“Se, pelos padrões dinamarqueses, isso constitui assistência substancial à investigação, então não é surpreendente ver como a investigação dinamarquesa terminou”, afirmou. Ele ainda ironizou a posição ocidental: “Não estamos brincando de Lego, estamos lidando com questões importantes”.
Prisão de suspeito na Itália reacende debate
O debate no Conselho de Segurança ocorreu dias após a prisão do ucraniano Sergey Kusnetsov, de 49 anos, pela polícia italiana. Detido com base em um mandado europeu emitido pela Alemanha, ele é acusado de participação direta nas explosões e apontado como possível coordenador da operação que danificou três dos quatro gasodutos. Promotores alemães acreditam que ele integrou o grupo responsável por instalar os explosivos próximo à ilha dinamarquesa de Bornholm.
Relatos apontam que Kusnetsov teria trabalhado para os serviços de inteligência da Ucrânia até 2015. Sua detenção reacendeu o debate internacional sobre as responsabilidades no ataque e a transparência das investigações conduzidas por países europeus.
Moscou mantém acusações contra os EUA
Desde o início das investigações, Moscou sustenta que os Estados Unidos estiveram por trás da sabotagem. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, reafirmou recentemente essa posição. Paralelamente, a Procuradoria-Geral russa continua tratando o episódio como um ato de terrorismo internacional.
A explosão de setembro de 2022 deixou severamente danificados três dutos dos projetos Nord Stream e Nord Stream 2, que transportavam gás da Rússia para a Europa pelo Mar Báltico. O Nord Stream 2 ainda não estava em operação quando foi atingido.