China busca ampliar alianças econômicas em encontro da Organização de Cooperação de Xangai

247 - A cidade portuária de Tianjin, na China, sedia neste domingo (31) e segunda-feira (1º) a 25ª cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), um dos maiores blocos políticos e econômicos da Ásia. Segundo a RFI, o encontro ocorre em um momento em Pequim busca ampliar suas parcerias diante das barreiras comerciais impostas pelos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Desde o início da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo, a China tem redirecionado seus esforços para estreitar laços com países da Ásia Central. Em 2024, o comércio com a região alcançou US$ 94 bilhões (mais de R$ 500 bilhões), superando os fluxos registrados com a União Europeia e até mesmo com a Rússia. Os investimentos chineses também se intensificaram, como mostra a instalação da maior fábrica da Byte, fabricante de veículos elétricos, no Uzbequistão.

De acordo com a reportagem, os países da Ásia Central são vistos por Pequim como cruciais para o fornecimento de metais essenciais à produção de baterias, setor em que a China é líder mundial. Apesar do avanço, os números revelam desequilíbrios: o comércio chinês com o Sudeste Asiático ainda é dez vezes maior que com a Ásia Central. Mesmo assim, Pequim aposta na diplomacia e na expansão de projetos de infraestrutura para consolidar novas rotas comerciais.

Um dos nomes de maior peso no encontro é o presidente russo Vladimir Putin, que chegou a Tianjin acompanhado de uma delegação numerosa. Sua presença reforça a parceria estratégica entre Moscou e Pequim em meio às sanções ocidentais. Além das reuniões bilaterais com Xi Jinping, Putin participará das celebrações pelos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em um desfile que deve exibir os mais modernos equipamentos militares chineses. O líder norte-coreano Kim Jong Un também é esperado nas cerimônias.

Outro destaque do encontro é a presença do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, em sua primeira visita à China em sete anos. Assim como Pequim, a Índia também foi alvo de tarifas norte-americanas e busca diversificar suas relações comerciais. O encontro com Xi Jinping sinaliza uma tentativa de retomar o comércio fronteiriço, interrompido há cinco anos, apesar das tensões militares que marcaram a relação entre os dois países.

A cúpula da OCS reúne cerca de vinte chefes de Estado e representantes de organizações internacionais, representando quase metade da população mundial e uma fatia expressiva do PIB global. Para especialistas, o bloco se apresenta como um contrapeso à OTAN, especialmente diante das crises que afetam seus membros, como a guerra na Ucrânia e as tensões no Estreito de Taiwan.