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      Celso Amorim rejeita comparação entre Brasil e União Europeia em acordo com EUA: ‘a UE não teve seu sistema judicial atacado’

      A UE anunciou um acordo comercial com os Estados Unidos neste domingo

      Celso Amorim (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
      Otávio Rosso avatar
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      247 - Em meio à escalada de tensões comerciais com os Estados Unidos, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, classificou como “incomparável” a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros em relação ao novo acordo comercial anunciado por Donald Trump com a União Europeia. A declaração foi feita em entrevista ao jornal O Globo, neste domingo (27).

      “Não conheço em detalhe (o acordo EUA-UE) e que me consta a UE não teve seu sistema judicial agredido. Não dá pra comparar”, afirmou Amorim, ao criticar a vinculação feita por Trump entre as medidas comerciais e o processo judicial em curso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

      Na última semana, Trump anunciou um acordo preliminar com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que prevê tarifas de 15% sobre produtos europeus e a promessa de contrapartidas bilionárias — entre elas, a compra de US$ 750 bilhões em energia e novos investimentos da UE nos EUA. Ao justificar a tarifa contra produtos brasileiros, Trump alegou "perseguição política" contra Bolsonaro, chamando o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF) de “vergonha internacional”.

      A reação do Palácio do Planalto tem sido pautada pelo apelo diplomático. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva argumenta que a medida norte-americana é unilateral, sem base técnica e de caráter político. No entanto, não houve resposta à carta enviada a Washington em 16 de maio, em que o Brasil solicitava informações sobre quais produtos os EUA gostariam de exportar mais ao mercado brasileiro.

      Os produtos brasileiros que podem ser afetados pela tarifa de 50% incluem carne bovina, café, suco de laranja e outras commodities de exportação. A medida deve entrar em vigor em 1º de agosto, caso não haja recuo por parte dos EUA.

      Questionado se o pacto entre Washington e Bruxelas aumenta a pressão para que o Brasil avance em suas próprias negociações, como o acordo entre Mercosul e União Europeia, Amorim foi direto. “Não creio que o Brasil será pressionado por ações entre terceiros. O comércio internacional está sujeito às regras e elas têm que ser seguidas”, opinou.

      Enquanto os EUA selam acordos comerciais com países como Japão, Reino Unido, Vietnã, Indonésia e Filipinas, além de uma trégua tarifária com a China, o Brasil se vê isolado nas tentativas de reabrir o diálogo. Segundo fontes do governo brasileiro, os EUA têm condicionado qualquer avanço nas negociações à inclusão de temas políticos — o que inclui processos judiciais em andamento no Brasil.

      Ministros e assessores de Lula dizem, reservadamente, que o governo americano estaria promovendo uma forma de chantagem, ao vincular decisões comerciais a questões do Judiciário brasileiro. Ainda de acordo com integrantes do governo, os canais de negociação foram deliberadamente bloqueados por Washington.

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