Lula: 'Se abaixar a cabeça, eles colocam uma cangalha e a gente não levanta mais'
Em Minas Gerais, presidente reafirma que Brasil seguirá negociando com os EUA, mas sem submissão
247 – Durante evento realizado nesta quinta-feira (24), no município de Minas Novas (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a política tarifária adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e alertou para os riscos de subserviência internacional.
O discurso foi feito em cerimônia que anunciou R$ 1,7 bilhão em políticas públicas educacionais voltadas a indígenas e quilombolas. Diante de lideranças tradicionais da região do Vale do Jequitinhonha, Lula abordou a guerra comercial imposta por Trump ao Brasil e reiterou o compromisso do governo federal em proteger os setores produtivos afetados. “Não abaixe a cabeça nunca. Porque se você abaixar a cabeça, eles botam uma cangalha e a gente não levanta mais”, afirmou o presidente, sob aplausos do público, referindo-se à armação usada para transporte de cargas em animais.
'Ninguém respeita quem não se respeita'
Lula compartilhou um episódio simbólico de sua primeira participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, no ano de 2003. Segundo ele, ao chegar a uma sala de reuniões acompanhado do então chanceler Celso Amorim, nenhum dos líderes presentes se levantou para cumprimentá-lo. No entanto, quando o então presidente dos EUA, George W. Bush, entrou na sala, todos se levantaram. “Eu disse ao Celso Amorim: ‘Não vamos nos levantar’. E o Bush foi lá e nos cumprimentou e sentou com a gente. Sabe o que eu aprendi? Ninguém respeita quem não se respeita”, relatou Lula, destacando a importância da dignidade e da soberania nas relações internacionais.
Resposta ao tarifaço e apoio ao empresariado nacional
Frente às sanções comerciais impostas por Trump — que assumiu seu segundo mandato em janeiro de 2025 — Lula declarou que continuará tentando negociar com os Estados Unidos, mas advertiu que o governo não aceitará humilhações. Ele também prometeu apoio aos setores econômicos brasileiros prejudicados pelas medidas protecionistas norte-americanas. “Eu tenho lado. E o meu lado é o povo pobre deste país”, disse o presidente, reforçando o caráter popular de seu governo.
Ataque à família Bolsonaro e denúncias de traição
Em um dos momentos mais incisivos de sua fala, Lula acusou diretamente a família Bolsonaro de atuar contra os interesses nacionais. Ele afirmou que membros da família do ex-presidente pediram a Trump, de maneira deliberada, que interviesse junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender investigações contra Jair Bolsonaro. “É uma vergonha, uma falta de caráter, falta de coragem”, criticou Lula, qualificando a atitude como antinacional e covarde.
Compromisso com os povos tradicionais
Além do debate sobre geopolítica e economia, o presidente também reiterou seu compromisso com os povos tradicionais do Brasil. “Vim reconhecer os saberes do povo dessa região”, declarou, referindo-se aos saberes ancestrais das comunidades indígenas e quilombolas do Vale do Jequitinhonha. A destinação de R$ 1,7 bilhão para políticas educacionais específicas foi celebrada como um marco de valorização cultural e inclusão.
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