Estadão defende que Lula se rebaixe diante de Trump
Editorial desta sexta-feira 25 ignora soberania nacional e ataca postura altiva do presidente brasileiro
247 – Em editorial publicado nesta sexta-feira (25), o jornal O Estado de S. Paulo sugere que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ter assumido uma postura submissa diante do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A publicação critica Lula por não ter ligado diretamente para Trump, após a divulgação de uma carta ofensiva em que o líder norte-americano anuncia um tarifaço contra o Brasil, e o acusa de manter uma política externa baseada no "antiamericanismo".
Para o Estadão, caberia a Lula, pessoalmente, "construir um canal de diálogo de alto nível" com Trump, mesmo reconhecendo que o ex-presidente norte-americano talvez nem o atendesse. O jornal ainda insinua que a reação de Lula à ofensiva estadunidense teria objetivos eleitorais, ao tentar reforçar uma imagem nacionalista e consolidar relações com países do bloco antiamericano, como China e Rússia.
A crítica do editorial, no entanto, ignora os princípios da soberania nacional e do respeito mútuo nas relações internacionais. Lula, ao contrário do que afirma o texto, tem mantido uma postura firme e coerente com a Constituição brasileira, que garante a separação entre os poderes e impede interferência do Executivo em decisões do Judiciário – inclusive nos processos contra Jair Bolsonaro e nas decisões sobre as big techs.
Na quinta-feira (24), em evento no município de Minas Novas (MG), o presidente respondeu duramente à postura de Trump e alertou para os riscos da subserviência internacional. “Não abaixe a cabeça nunca. Porque se você abaixar a cabeça, eles botam uma cangalha e a gente não levanta mais”, declarou Lula, em discurso durante a cerimônia de anúncio de R$ 1,7 bilhão em políticas públicas educacionais voltadas a indígenas e quilombolas.
O presidente também compartilhou um episódio simbólico de sua primeira participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em 2003. Segundo Lula, ao entrar na sala de reuniões com o então chanceler Celso Amorim, nenhum líder se levantou para cumprimentá-los. Mas quando George W. Bush entrou, todos se levantaram. “Eu disse ao Celso Amorim: ‘Não vamos nos levantar’. E o Bush foi lá e nos cumprimentou e sentou com a gente. Sabe o que eu aprendi? Ninguém respeita quem não se respeita”, afirmou.
Ao propor que o Brasil se curve diante de Trump, o Estadão não apenas desconsidera esse princípio de respeito próprio, como também revela um viés ideológico alinhado a interesses externos e à velha lógica de dependência. Em vez de sugerir diálogo em pé de igualdade, o editorial beira a defesa da humilhação diplomática. Lula, por sua vez, reafirma que o Brasil deve ser respeitado como nação soberana. E isso não se negocia.
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