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      Aliados pressionam Trump a manter apoio à Ucrânia após cúpula com Putin

      Zelensky e líderes europeus chegam a Washington temendo concessões forçadas à Rússia e exigindo garantias de segurança

      Volodymyr Zelensky e Donald Trump (Foto: Reuters/Brian Snyder)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Em meio à tensão crescente sobre o futuro da guerra no Leste Europeu, aliados dos Estados Unidos chegam a Washington nesta segunda-feira (18) com uma preocupação central: compreender os compromissos assumidos pelo presidente Donald Trump em sua reunião com Vladimir Putin, realizada na última sexta-feira (15) no Alasca, informa a Bloomberg.

      O encontro entre Trump e Putin levantou dúvidas entre ucranianos e europeus, especialmente diante da possibilidade de que Kiev seja pressionada a aceitar concessões territoriais consideradas inaceitáveis. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e diversos líderes europeus participarão de reuniões na capital norte-americana para tentar extrair de Trump detalhes sobre os termos discutidos com o Kremlin.

      Pressão por garantias de segurança

      Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, Trump afirmou a líderes estrangeiros, em ligações no fim de semana, estar disposto a incluir os Estados Unidos em eventuais garantias de segurança para a Ucrânia. Ele também expressou a intenção de acelerar um acordo e chegou a sugerir uma reunião entre Zelensky e Putin dentro de uma semana, prazo considerado irreal por diplomatas europeus.

      O secretário de Estado, Marco Rubio, que participou da cúpula no Alasca, reforçou o ceticismo em entrevista à Fox News: “Nós ainda estamos muito longe. Não estamos à beira de um acordo de paz. Mas acredito que houve algum progresso".

      Divergências sobre concessões territoriais

      Em postagens na rede Truth Social, Trump declarou que “Zelensky pode encerrar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se quiser, ou pode continuar a lutar”. O presidente norte-americano deu a entender que a Crimeia não retornará ao controle de Kiev e que a Ucrânia não terá permissão para ingressar na OTAN.

      A posição foi prontamente rejeitada por Zelensky, que publicou em sua conta no X: “A Rússia deve encerrar esta guerra, que ela mesma começou. E espero que nossa força conjunta com os Estados Unidos e nossos amigos europeus obrigue Moscou a uma paz real".

      Fontes diplomáticas europeias expressaram frustração com os resultados da cúpula, alegando que Putin parece ter saído fortalecido. O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou: “Se formos fracos hoje com a Rússia, estaremos preparando os conflitos de amanhã".

      O dilema da paz rápida

      Enquanto isso, líderes como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer buscam obter detalhes sobre as garantias de segurança em negociação. Seu porta-voz, Dave Pares, destacou que Londres está disposta a enviar uma “força de reafirmação” à Ucrânia, desde que os Estados Unidos assumam papel ativo: “Nunca vamos deixar isso na base da confiança quando se trata do presidente Putin.”

      Já o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, afirmou que foi alcançado um entendimento preliminar que poderia oferecer à Ucrânia uma proteção semelhante ao Artigo 5 da OTAN, que prevê defesa mútua em caso de ataque. A proposta, no entanto, ainda não foi confirmada pelo Kremlin.

      No campo de batalha, a Rússia continua avançando gradualmente no leste da Ucrânia, enquanto a redução do apoio militar dos EUA preocupa aliados europeus. A possibilidade de um acordo desequilibrado, que consolide ganhos territoriais russos no Donbas, em Zaporizhzhia e Kherson, é vista como uma vitória política de Putin sem precedentes desde 2014.

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