Diálogo e negociação são o único caminho para resolver conflito Rússia-Ucrânia, aponta Global Times
Encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca é visto como sinal de distensão e reforça importância da via diplomática
247 – O jornal chinês Global Times publicou um editorial defendendo que o diálogo e a negociação são “o único caminho inevitável” para a resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia. A análise foi motivada pelo encontro realizado na sexta-feira (15) em Anchorage, no Alasca, entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que durou menos de três horas, mas foi considerado um passo positivo para a paz.
Segundo o editorial, mesmo diante de um cenário de guerra que já se arrasta há três anos e meio e de uma escalada das tensões geopolíticas, a reunião mostrou ao mundo que, por mais complexo que seja um conflito, apenas a retomada do diálogo pode abrir caminho para a solução. “A negociação é o único desfecho possível para crises dessa dimensão”, reforça o texto do Global Times.
Simbolismo e impacto global
A publicação chinesa destacou o caráter simbólico do encontro, realizado em uma base militar norte-americana originalmente construída “para se defender contra uma possível agressão russa”. O fato de Putin ter sido recebido por Trump nesse local foi descrito por veículos ocidentais como um gesto de cooperação, que ajudou a reduzir temores de uma escalada que poderia resultar até em confronto direto entre as duas maiores potências nucleares.
O editorial aponta ainda que a reunião introduziu “novas variáveis” nas relações entre EUA e Rússia e criou oportunidades inéditas para a resolução da crise ucraniana. Mais do que um ato bilateral, o encontro é considerado um marco de reinício no mecanismo de diálogo de alto nível entre Washington e Moscou, o que pode pavimentar futuras negociações.
Posição da China e críticas às sanções
O texto relembra que a China já havia apresentado, em fevereiro de 2023, o documento “A posição da China sobre o assentamento político da crise ucraniana”, no qual defendeu que apenas o diálogo pode oferecer uma saída viável para o conflito. Para Pequim, as tentativas de algumas potências de “alimentar as chamas da guerra” e impor sanções unilaterais não apenas fracassaram em mudar o rumo da guerra, como também prolongaram o sofrimento e ampliaram os riscos.
“O caminho de responder guerra com guerra não aliviou tensões, mas aumentou o risco de transbordamento do conflito, fechando as portas ao diálogo”, diz o editorial, que critica a interferência externa e alerta que a história já mostrou repetidamente que esse tipo de postura só agrava as crises.
Lição histórica e exemplos diplomáticos
O Global Times citou episódios históricos para reforçar seu argumento: na Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, os EUA e a União Soviética evitaram uma catástrofe nuclear por meio da negociação diplomática. Já na questão da Península Coreana, mecanismos multilaterais como as Conversações das Seis Partes ajudaram, ainda que de forma limitada, a preservar a estabilidade regional.
“Hoje, nenhum conflito é apenas local”, ressalta o editorial. “O impacto se estende globalmente, e a resolução pela negociação é não apenas uma responsabilidade com os envolvidos, mas com toda a comunidade internacional.”
Perspectivas de paz
A análise aponta que, desde as negociações indiretas realizadas na Arábia Saudita até os diálogos diretos em Istambul, o caminho político para a resolução da guerra vem se tornando mais nítido, embora ainda desafiador. Desta vez, segundo relatos de imprensa, a proposta russa teria sido mais flexível do que as condições de cessar-fogo apresentadas em junho de 2024, enquanto Trump deixou de mencionar tarifas energéticas de 100% contra Moscou, o que indica uma redução das tensões bilaterais.
Para o editorial, a meta deve ser alcançar “um acordo de paz justo, duradouro, vinculante e aceitável por todas as partes”. O jornal conclui defendendo a continuidade das negociações diretas entre Trump e Putin e pedindo que todos os atores internacionais se engajem oportunamente no processo, a fim de encerrar o conflito e restabelecer a paz regional.
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