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Tarifaço de Trump desorganiza cadeias de suprimento globais

Medida do presidente dos Estados Unidos provoca reação de líderes internacionais e ameaça desencadear retaliações comerciais

Exportações brasileiras para os EUA caíram pela metade desde 2001 (Foto: Divulgação/Porto de Santos)

247 – As novas ordens executivas assinadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite de quinta-feira (31), geraram forte repercussão entre líderes mundiais e empresários. A informação foi divulgada pelo Global Times e repercutida por veículos como CNN, BBC e Reuters. As medidas impõem aumentos expressivos de tarifas sobre dezenas de parceiros comerciais, com potencial de desorganizar cadeias globais de suprimento e elevar custos de transporte.

De acordo com a Casa Branca, os decretos elevam tarifas para 35% sobre produtos do Canadá, 50% para o Brasil, 25% para a Índia, 19% para a Tailândia e 39% para a Suíça. No caso canadense, a alíquota subiu de 25% para 35%, e o novo regime tarifário entrará em vigor em 7 de agosto. Um especialista chinês ouvido pelo Global Times advertiu que “a medida expõe empresas a disparidades significativas de custo e a uma incerteza regulatória contínua, resultando em interrupções na cadeia de suprimentos e aumento dos custos logísticos”.

Canadá reage e promete firmeza

No Canadá, a medida provocou reação imediata. O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, defendeu que Ottawa responda à altura. “O Canadá não deve aceitar nada menos do que o acordo certo. Agora não é hora de ceder. Precisamos manter nossa posição”, disse em publicação na rede X, defendendo tarifas de 50% sobre aço e alumínio dos EUA. Ford afirmou que o governo fará “o que for necessário para apoiar trabalhadores e empresas”, incluindo o incentivo à produção local e à diversificação de mercados.

Lula critica tarifas “políticas” e cogita retaliação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao New York Times, que as tarifas impostas por Trump “têm base política e em sensibilidades pessoais, não na economia”. Segundo ele, o Brasil estuda aplicar tarifas retaliatórias sobre exportações americanas caso Washington mantenha a decisão. “Isso não nos assusta, mas nos preocupa. Podem ter certeza de que estamos tratando o tema com a máxima seriedade. Seriedade não exige subserviência”, declarou Lula.

Índia e Austrália também contestam

Na Índia, os produtos enfrentarão uma tarifa de 25% após impasse nas negociações sobre acesso ao setor agrícola. O Ministério do Comércio e Indústria afirmou em nota que tomará todas as medidas necessárias para proteger os interesses nacionais. Já Dilip Kumar, presidente do setor de turismo médico da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia, disse que “as tarifas serão repassadas ao consumidor americano”.

A Austrália também reagiu. O ministro do Comércio, Don Farrell, afirmou por meio de porta-voz que qualquer tarifa sobre produtos australianos é “injustificada e um ato de autossabotagem econômica”. Camberra pretende insistir na remoção das tarifas, com base no acordo de livre comércio com os Estados Unidos.

México e Nova Zelândia monitoram impactos

Trump anunciou que adiou por 90 dias o aumento das tarifas sobre o México, após acordo com a presidente Claudia Sheinbaum, para permitir mais tempo na tentativa de fechar um acordo bilateral. Enquanto isso, a Nova Zelândia aguarda a definição das novas taxas, que, segundo o ministro do Comércio Todd McClay, devem ter uma base mínima de 15%. “É um momento de ansiedade para nossos exportadores”, disse à rádio local omny.fm.

Com o novo tarifaço, Trump utiliza novamente a pressão comercial como instrumento de negociação, buscando forçar países a aceitarem acordos bilaterais mais favoráveis a Washington, em um movimento que ameaça expandir a guerra tarifária e fragmentar ainda mais o comércio global.

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