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      Em editorial, Global Times analisa significado do reconhecimento do Estado da Palestina por três países do G7

      Canadá se une a França e Reino Unido em gesto diplomático que isola EUA e Israel e reacende esperanças de paz no Oriente Médio

      Bandeira palestina é hasteada na ONU (Foto: BENOIT TESSIER/Reuters)
      José Reinaldo avatar
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      247 - A decisão anunciada pelo primeiro-ministro canadense, Mark Carney, de reconhecer o Estado da Palestina durante a próxima Assembleia Geral da ONU em setembro marca um ponto de inflexão no cenário diplomático internacional, destaca o jornal Global Times em editorial.

      Com a medida, o Canadá se junta à França e ao Reino Unido, tornando-se o terceiro país do G7 a declarar apoio formal à causa palestina, uma guinada que sinaliza a crescente pressão sobre Israel e sobre o governo do presidente dos EUA, Donald Trump. 

      Carney justificou o posicionamento afirmando que o reconhecimento tem por objetivo preservar a viabilidade da solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino, reiterando que essa é uma condição necessária para alcançar uma paz duradoura na região. A decisão dos três países, todos membros da OTAN, representa uma ruptura significativa com a tradicional unanimidade ocidental em apoio incondicional a Israel.

      O editorial do Global Times ressalta que esse realinhamento diplomático se dá em um momento de profunda comoção internacional. O jornal cita reportagem do Financial Times, segundo a qual o presidente Donald Trump teria reagido com consternação após ver imagens de palestinos famintos na televisão, afirmando que só alguém “bastante insensível” ou “louco” não se comoveria com aquela situação. Segundo o FT, trata-se de uma rara repreensão vinda de um presidente norte-americano à política israelense.

      Apesar disso, o governo Trump continua adotando uma postura alinhada à de Israel, classificando as declarações de apoio à Palestina feitas por França, Reino Unido e Canadá como um “golpe publicitário”. Para o Global Times, essa atitude revela o isolamento crescente dos EUA no cenário internacional e o aprofundamento das divisões no Ocidente sobre a questão palestina.

      A crise humanitária em Gaza é o pano de fundo dramático dessa guinada diplomática. Desde outubro de 2023, as operações militares israelenses na Faixa de Gaza já deixaram mais de 60 mil mortos, de acordo com dados das Nações Unidas. Mais de dois milhões de pessoas enfrentam escassez de água, alimentos e medicamentos, agravando uma tragédia que mobiliza cada vez mais a opinião pública internacional.

      “Continuar justificando a ocupação prolongada de Gaza é negar o direito internacional e insultar a consciência da humanidade”, afirma o editorial chinês. Nesse contexto, a proposta de dois Estados — apesar de suas imperfeições — ressurge como a única alternativa viável para garantir segurança, dignidade e autodeterminação tanto para palestinos quanto para israelenses.

      A China, que tem mantido uma postura ativa na busca por uma saída pacífica para o conflito, reforçou recentemente seu engajamento. Durante a Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão Palestina, realizada de 28 a 30 de julho com o patrocínio da ONU e apoio de França e Arábia Saudita, o enviado especial chinês, Zhai Jun, apresentou cinco propostas. Ele destacou que a prioridade imediata deve ser um cessar-fogo completo em Gaza e medidas concretas para implementar a solução de dois Estados.

      A retomada dessa conferência reacende esperanças de avanço real no processo de paz. “A questão palestina é uma das feridas mais antigas da política internacional moderna, e a solução já foi testada e validada pela realidade: dois Estados para dois povos”, pontua o editorial.

      Ainda assim, peças centrais do quebra-cabeça da paz seguem ausentes. Segundo o Global Times, Israel e EUA caminham no sentido oposto, empurrando a solução de dois Estados rumo à destruição. Para o jornal chinês, a tentativa israelense de manter Gaza sob ocupação indefinida agravará os conflitos e colocará em risco seus próprios interesses de longo prazo.

      Mesmo dentro de Israel, há vozes que reconhecem a urgência de uma solução pacífica. O ex-primeiro-ministro Ehud Olmert, por exemplo, manifestou publicamente seu apoio à proposta de dois Estados. No cenário internacional, mais de 140 países — incluindo Espanha, Noruega e Irlanda — já reconheceram oficialmente o Estado da Palestina, ampliando a legitimidade da causa no sistema multilateral.

      O reconhecimento por parte de três potências ocidentais reforça essa tendência. Para o Global Times, trata-se de um impulso moral e político num momento em que a situação em Gaza atinge níveis insuportáveis de sofrimento. A presença da questão palestina no centro das Nações Unidas e do debate internacional pode representar o começo de uma virada.

      “A comunidade internacional está correndo contra o tempo”, adverte o editorial. A janela de oportunidade está aberta, mas é estreita. É preciso agir com rapidez e firmeza para evitar que o conflito mergulhe ainda mais a região no caos.

      O editorial insiste em que os EUA e Israel devem assumir suas responsabilidades como protagonistas da paz. “O mundo não tem mais motivos para esperar”, conclui o Global Times, num chamado direto à comunidade internacional para que implemente sem mais demora a solução de dois Estados.

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