França puxa a fila de estados que reconhecerão o Estado palestino na ONU
Macron anuncia reconhecimento histórico em conferência da ONU e reforça a solução de dois Estados, apoiada por mais de 140 países
247 – A França anunciou nesta segunda-feira (22) o reconhecimento formal do Estado da Palestina durante uma conferência de alto nível da ONU, em Nova York, marcando um passo decisivo no debate internacional sobre a paz no Oriente Médio. A notícia foi destacada pelo Global Times, que informou que outros países ocidentais — como Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal — também já formalizaram sua decisão no fim de semana.
Diante de mais de 140 líderes mundiais, o presidente francês Emmanuel Macron defendeu a urgência da solução de dois Estados. “O tempo para a paz chegou, pois estamos a instantes de não mais conseguir alcançá-la”, declarou. Em seguida, anunciou: “A França reconhece o Estado da Palestina. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservar a própria possibilidade de uma solução de dois Estados, Israel e Palestina vivendo lado a lado, em paz e segurança”.
Condições impostas por Paris e reação de Israel
Macron condicionou a abertura de uma embaixada em território palestino à libertação dos reféns mantidos pelo Hamas e à implementação de um cessar-fogo. A posição, entretanto, gerou fortes críticas de Israel. O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, afirmou que EUA e Israel não participaram da conferência e acusou Macron de se engajar em uma “charada”.
O governo israelense e a Casa Branca boicotaram o encontro e prometeram avaliar os próximos passos após o retorno do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Tel Aviv.
Apoio europeu e árabe à solução de dois Estados
Além da França, países como Mônaco, Malta, Luxemburgo e Bélgica também declararam apoio ao reconhecimento. No caso belga, a decisão só terá efeito legal se o Hamas for retirado de Gaza e todos os reféns forem devolvidos. O encontro foi co-presidido por França e Arábia Saudita, reforçando a articulação diplomática entre Europa e mundo árabe.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a atual situação como “moral, legal e politicamente intolerável” e advertiu que, sem a criação de dois Estados, não haverá paz duradoura no Oriente Médio, com risco de expansão do radicalismo em escala global.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu na rede X que a União Europeia mantém firme o compromisso com essa saída: “Quando a noite é mais escura, devemos nos apegar à nossa bússola. E a nossa bússola é a solução de dois Estados”.
Na mesma linha, o chanceler saudita Faisal bin Farhan Al Saud, em nome do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, afirmou que essa é a única forma de se alcançar a paz definitiva na região.
Mahmoud Abbas fala por videoconferência
Impedido de comparecer presencialmente após os EUA revogarem os vistos da delegação palestina, o presidente Mahmoud Abbas discursou por videoconferência. Ele pediu um cessar-fogo permanente e defendeu que o Hamas não deve governar Gaza, cobrando que o grupo entregue as armas à Autoridade Palestina.
Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve apresentar a líderes árabes e muçulmanos um conjunto de princípios para a paz e a governança de Gaza no pós-guerra, segundo informações da agência Axios.
Pressão diplomática crescente
O reconhecimento da Palestina por países ocidentais historicamente próximos de Israel representa um divisor de águas no cenário diplomático. Até agora, mais de 140 nações já reconhecem formalmente o Estado palestino.
A decisão de potências como França e Reino Unido amplia a pressão sobre Israel e os Estados Unidos, que continuam rejeitando o reconhecimento imediato e argumentam que ele pode gerar novos impasses. Ainda assim, analistas avaliam que o gesto europeu fortalece a legitimidade da causa palestina e pode mudar o equilíbrio político nas negociações internacionais.