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Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir, afirma Lula ao condenar genocídio em Gaza

Presidente brasileiro defende solução de dois Estados, denuncia crimes contra a humanidade e cobra ação da ONU para garantir direitos do povo palestino

Lula durante a Assembleia Geral da ONU (Foto: Ricardo Stuckert)

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (22/9) que o que ocorre hoje em Gaza configura não apenas o extermínio de um povo, mas uma tentativa de aniquilar o sonho de existência da Palestina como nação. A fala foi feita durante a Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, em Nova York, evento que antecede a Assembleia Geral da ONU. As declarações foram publicadas pela Agência Gov, via Planalto.

Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir. Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz”, disse Lula. Ele destacou que a criação de um Estado palestino é uma questão de justiça e um passo essencial para restituir a força do multilateralismo.

Condenação ao genocídio em Gaza

O presidente foi categórico ao denunciar o massacre promovido por Israel na Faixa de Gaza. “O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação”, declarou. Lula citou a Comissão de Inquérito sobre os Territórios Palestinos Ocupados, que classificou a situação como genocídio.

Ao mesmo tempo em que reconheceu que “os atos terroristas cometidos pelo Hamas são inaceitáveis” e que o Brasil os condenou de forma enfática, Lula ponderou que “o direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis”.

O líder brasileiro fez duras críticas ao uso da fome como arma de guerra:

 “Nada justifica usar a fome como arma de guerra, nem alvejar pessoas famintas em busca de ajuda. Meio milhão de palestinos não têm comida suficiente, mais do que a população de Miami ou Tel Aviv. A fome não aflige apenas o corpo. Ela estilhaça a alma.”

Apoio ao processo na Corte Internacional de Justiça

Lula reafirmou o apoio do Brasil ao processo apresentado pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que busca o reconhecimento pleno do Estado Palestino, conforme o plano de partilha aprovado pela ONU há 78 anos. Ele lembrou que o Brasil reconheceu a Palestina em 2010 e ressaltou que a maioria dos 193 membros da ONU já tomou a mesma posição.

Um Estado se assenta sobre três pilares: o território, a população e o governo. Todos têm sido sistematicamente solapados no caso palestino”, afirmou, ao denunciar a expansão ilegal de assentamentos, a limpeza étnica e o enfraquecimento da Autoridade Palestina.

Crítica ao Conselho de Segurança da ONU

Em sua fala, Lula criticou a paralisia do Conselho de Segurança da ONU e defendeu a criação de um órgão semelhante ao Comitê Especial contra o Apartheid, que teve papel decisivo no fim da segregação racial na África do Sul.

Segundo o presidente, a falta de ação da ONU demonstra como “a tirania do veto sabota a própria razão de ser” da organização. “Assegurar o direito de autodeterminação da Palestina é um ato de justiça e um passo essencial para recobrar nosso sentido coletivo de humanidade”, concluiu.

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