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      Crise na Ucrânia expõe dilema europeu sobre autonomia estratégica, avalia Global Times

      Editorial aponta que dependência da Europa em relação aos Estados Unidos prolonga o conflito e ameaça a estabilidade do continente

      EUA afundam a Europa (Foto: Ilustração / Global Times)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A crise na Ucrânia revelou a fragilidade da Europa em relação à sua autonomia estratégica, segundo avaliação publicada em editorial do Global Times nesta terça-feira (19) leia aqui. O jornal chinês analisou os movimentos mais recentes após a cúpula entre Estados Unidos e Rússia, destacando a ida de uma comitiva de alto nível da União Europeia e da OTAN aos Estados Unidos para acompanhar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em encontro com o presidente norte-americano Donald Trump.

      Entre os líderes que participaram da missão diplomática estavam Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, além de Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Friedrich Merz (Alemanha), Giorgia Meloni (Itália) e Alexander Stubb (Finlândia). A presença de tantas autoridades europeias, avaliou o Global Times, evidenciou a tentativa de mostrar uma frente unida no esforço de busca por uma solução para o conflito.

      Divergências entre EUA e Europa

      O editorial destacou que persistem diferenças profundas entre os Estados Unidos e seus aliados europeus. Após a cúpula em território norte-americano, líderes europeus divulgaram uma declaração conjunta que não mencionava a proposta de acordo de paz apresentada por Trump, mas insistia na possibilidade de novas sanções contra a Rússia. Para o Global Times, essa postura expõe a dificuldade de conciliar as agendas de Washington e Bruxelas e revela a complexidade de qualquer tentativa de encerrar o conflito.

      O texto lembra que a crise foi alimentada pela estratégia de expansão da OTAN em direção ao leste, projeto liderado pelos Estados Unidos. “O colapso das negociações de estabilidade estratégica entre Washington e Moscou foi a gota d’água que desencadeou a crise”, observou o editorial. Desde então, o conflito já dura mais de três anos e meio, sem perspectiva clara de resolução.

      Custos para a Europa e ganhos para os EUA

      O balanço feito pelo Global Times é contundente: a Europa é quem mais paga a conta. O continente perdeu acesso ao mercado e à energia da Rússia, enfrenta riscos de “desindustrialização”, fuga de capitais e tensões sociais decorrentes da crise de refugiados. A Alemanha, principal economia europeia, registrou dois anos consecutivos de retração econômica.

      Enquanto isso, os Estados Unidos ampliaram seu papel como principal fornecedor de energia para a União Europeia, consolidando-se como o maior produtor mundial de gás natural liquefeito. Além disso, empresas europeias transferiram parte de sua produção para o território norte-americano, atraídas por incentivos como os previstos no Inflation Reduction Act, enquanto a indústria bélica dos EUA colheu lucros recordes com a guerra.

      O debate sobre autonomia estratégica

      A crescente percepção de dependência tem gerado incômodo entre os líderes europeus. Emmanuel Macron, presidente da França, já declarou publicamente que a União Europeia não pode ser um “vassalo” dos Estados Unidos. O editorial também registrou que “vozes crescentes defendem a busca por autonomia estratégica”, o que exigiria da Europa a reconstrução de sua arquitetura de segurança de forma independente.

      Para o Global Times, a lição que a guerra na Ucrânia deixou à Europa é clara: “Somente acelerando a busca pela autonomia estratégica em relação aos Estados Unidos é que a Europa poderá conquistar espaço, exercer iniciativa e assumir seu próprio destino”.

      Um desafio histórico para a Europa

      A avaliação do jornal chinês é de que o futuro do continente dependerá da capacidade de seus líderes em reconhecer que a guerra em solo europeu já se prolonga demais e que é hora de assumir maior protagonismo na busca pela paz. “A Europa tem todas as razões para desempenhar um papel mais ativo na resolução do conflito, enfrentar as causas profundas da crise e construir uma estrutura de segurança equilibrada e sustentável”, concluiu o editorial.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

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