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      Concessões unilaterais fragilizam autonomia estratégica da União Europeia, alerta editorial do Global Times

      Jornal chinês critica acordo comercial apressado com os EUA e afirma que Bruxelas se coloca em posição de dependência política e econômica

      O presidente dos EUA, Donald Trump, aperta a mão da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Turnberry, Escócia - 27/07/2025 (Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O jornal Global Times publicou um editorial contundente sobre os riscos que a União Europeia (UE) corre ao ceder de forma unilateral às exigências comerciais dos Estados Unidos. A análise foi motivada pela entrada em vigor da ordem executiva do governo norte-americano que impõe uma tarifa de 15% à UE, mantendo inalteradas as tarifas setoriais sobre aço, alumínio e cobre, que seguem em 50%.

      Segundo o editorial, a UE, no âmbito do novo acordo comercial com Washington, prometeu eliminar tarifas sobre diversos produtos norte-americanos — incluindo todos os bens industriais —, além de comprar US$ 750 bilhões em energia dos EUA nos próximos três anos, investir mais US$ 600 bilhões na economia norte-americana e adquirir grandes quantidades de armamentos. “A questão é: isso é uma ‘vitória rápida’ ou uma ‘vitória enganosa’?”, questiona o texto.

      Custos econômicos e impacto setorial

      A análise do Global Times destaca que, de acordo com estimativas do Goldman Sachs, o impacto do acordo sobre a economia da zona do euro pode chegar a uma perda de 0,4 ponto percentual do PIB até o final de 2026. A Associação Alemã da Indústria Automotiva alertou que a tarifa de 15% custará bilhões de euros ao setor anualmente. Além disso, agricultores do sul e leste da Europa devem sofrer prejuízos significativos devido à abertura do mercado e à redução de padrões regulatórios para produtos norte-americanos.

      Outro ponto crítico é a viabilidade do compromisso: mesmo que a UE comprasse todo o petróleo bruto e gás natural liquefeito exportado pelos EUA em um ano, o valor chegaria a cerca de US$ 140 bilhões — muito distante da meta de US$ 750 bilhões em três anos. Há ainda dúvidas sobre a autoridade de Bruxelas para comprar armamentos em nome dos Estados-membros.

      Fragilidade nas negociações

      O editorial observa que a UE tem se comportado como um “gigante lento” diante da pressão tarifária dos EUA. Três dias após o anúncio, a Comissão Europeia esclareceu que o acordo não é juridicamente vinculante, apenas político. No entanto, Washington já deixou claro que, caso Bruxelas recue, imporá tarifas de 35%.

      Para o jornal chinês, a postura europeia de elaborar contramedidas mas não aplicá-las reforça a percepção, do lado norte-americano, de que o bloco não tem “munição” ou vontade política para reagir. O resultado inevitável, segundo o texto, é a concessão.

      Erosão da autonomia estratégica

      O Global Times alerta que o custo econômico, as divisões internas e o enfraquecimento da credibilidade internacional resultantes do acordo representam um golpe severo na meta europeia de conquistar “autonomia estratégica”. O texto critica a lógica de tratar tarifas como “doações para evitar assalto” e adverte que essa abordagem levará o bloco a se afundar em um “novo período de pirataria” no comércio global.

      O editorial conclui que, se evitar contrariar Washington continuar sendo prioridade, a UE ficará presa em um ciclo vicioso de ameaças e concessões crescentes, comprometendo seu equilíbrio econômico e de segurança. “Coragem política e disposição para enfrentar riscos de curto prazo são passos cruciais para transformar a autonomia estratégica em realidade”, afirma o jornal.

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