Xi Jinping reforça parceria com Putin e defende negociações de paz na Ucrânia

247 – Em conversa telefônica realizada nesta sexta-feira (8), o presidente da China, Xi Jinping, afirmou ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que Pequim continuará promovendo esforços diplomáticos para uma solução pacífica da crise na Ucrânia, independentemente da evolução dos acontecimentos. A informação foi divulgada pela Xinhua e repercutida pelo jornal Global Times.

Xi destacou que “problemas complexos não têm soluções simples” e reforçou os princípios que guiam a postura chinesa diante do conflito, reiterando o apoio a negociações e ao diálogo político como meio de resolução. O líder chinês ainda expressou satisfação com o fato de Rússia e Estados Unidos manterem contato direto, destacando que isso pode contribuir para uma solução política do impasse.

Por sua vez, Vladimir Putin relatou a Xi sua perspectiva sobre o atual estado da crise ucraniana, bem como sobre os mais recentes contatos diplomáticos entre Moscou e Washington. “A Rússia aprecia profundamente o papel construtivo da China na busca de uma solução política para a crise”, disse o presidente russo. Ele acrescentou que a parceria estratégica entre os dois países seguirá firme, “independentemente das circunstâncias”.

Fortalecimento da confiança estratégica

Ambos os chefes de Estado elogiaram o elevado grau de confiança política mútua e coordenação estratégica entre China e Rússia. Segundo o Global Times, analistas chineses veem esse diálogo como um passo concreto no aprofundamento da confiança bilateral. Para o professor Li Haidong, da Universidade de Relações Exteriores da China, a comunicação oportuna entre os líderes é uma característica central das relações entre os dois países, permitindo respostas ágeis a preocupações globais e regionais.

A conversa ocorreu em um contexto de movimentações diplomáticas envolvendo uma possível reunião entre Putin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo a agência Reuters, esse encontro pode acontecer “nos próximos dias”, com o objetivo de buscar avanços concretos para o fim do conflito Rússia-Ucrânia. A TASS, agência estatal russa, mencionou que o encontro poderá ocorrer em um país árabe.

Putin e Trump perto de uma reunião histórica

O presidente Donald Trump confirmou na quinta-feira (7) que as tratativas para o encontro com Putin estão em curso, ainda que não condicionadas a uma reunião prévia entre Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “Um encontro com Zelensky não é pré-requisito para que eu me reúna com Putin”, disse Trump, segundo a NBC News.

Zelensky, por sua vez, manteve conversas com líderes da França, Alemanha e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reiterando a necessidade de a Europa estar envolvida no processo de paz.

Para o analista russo Andrey Kortunov, diretor do Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia, um possível encontro entre Trump e Putin pode ajudar a reduzir as tensões, desde que os dois lados estejam dispostos a demonstrar flexibilidade. “Há várias ideias sobre como começar, mas tudo depende da vontade política”, afirmou ao Global Times.

Cooperação na Organização para Cooperação de Xangai

Além da crise ucraniana, Xi e Putin também abordaram os preparativos para a próxima cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), que será realizada em Tianjin, na China. Os dois líderes prometeram trabalhar em conjunto para garantir o sucesso do evento, que deve aprofundar a cooperação regional e impulsionar o desenvolvimento de alto nível do bloco.

De acordo com o Global Times, o presidente Putin participará da cúpula, conforme confirmado por seu assessor, Yury Ushakov. Para o pesquisador Hao He, do Instituto de Estudos da Rússia e da Ásia Central da Academia Chinesa de Ciências Sociais, China e Rússia devem coordenar ações para fortalecer os laços dentro da OCX, especialmente diante das incertezas geopolíticas atuais.

A ligação entre Xi Jinping e Vladimir Putin reforça não apenas a aliança estratégica entre China e Rússia, mas também sinaliza um posicionamento consistente de Pequim em favor do diálogo e da diplomacia. Com a perspectiva de um encontro entre Putin e Donald Trump nos próximos dias, o cenário geopolítico permanece dinâmico, abrindo novas possibilidades — ainda que incertas — para uma eventual desescalada do conflito que já perdura desde 2022.