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      UE prepara retaliação contra EUA diante de escalada tarifária imposta por Trump

      Bloco europeu articula resposta a tarifas de até 30% e ameaça acionar seu instrumento anticoerção contra os Estados Unidos

      Bandeiras dos EUA e da União Europeia (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A União Europeia está se organizando para reagir de forma contundente ao endurecimento da política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas negociações bilaterais. Segundo reportagem da Bloomberg repercutida pelo jornal O Globo, os líderes do bloco devem se reunir ainda nesta semana para elaborar um plano de retaliação, diante da aproximação do prazo de 1º de agosto e da possibilidade real de impasse nas conversas com Washington.

      Embora o objetivo majoritário dos países europeus continue sendo alcançar uma solução negociada, as tratativas em curso não apresentaram avanços relevantes após a rodada mais recente realizada na capital americana. As negociações devem continuar nas próximas semanas, mas a pressão aumentou após uma carta enviada por Trump à UE no início de julho, ameaçando impor uma tarifa de 30% sobre a maior parte das exportações do bloco europeu para os Estados Unidos.

      Fontes familiarizadas com as discussões revelaram que Washington quer aplicar uma tarifa quase universal superior a 10% sobre os produtos europeus, com poucas exceções — entre elas, setores estratégicos como aviação, dispositivos médicos, medicamentos genéricos, bebidas alcoólicas e equipamentos industriais considerados essenciais para os EUA.

      Ainda de acordo com essas fontes, as duas partes também têm debatido a adoção de tetos tarifários por setor, a imposição de cotas sobre aço e alumínio e mecanismos de proteção contra a superoferta desses metais, que poderia comprometer a cadeia global de suprimentos. No entanto, qualquer eventual acordo teria de ser ratificado pelo presidente Donald Trump, cuja posição, segundo os interlocutores, segue imprevisível.

      A Comissão Europeia, encarregada das negociações comerciais do bloco, preferiu não comentar oficialmente o andamento das conversas. Internamente, no entanto, já se discute uma possível escalada no conflito caso os EUA avancem com as ameaças.

      Tarifas já atingem 70% das exportações europeias - Desde que Trump intensificou sua ofensiva, os EUA já impuseram tarifas de 25% sobre veículos e autopeças, além de alíquotas dobradas sobre aço e alumínio. Mais recentemente, foi anunciada uma tarifa de 50% sobre o cobre, e novas taxações sobre produtos farmacêuticos e semicondutores estão previstas para agosto.

      Ao todo, a UE estima que os encargos atuais dos EUA já atingem 380 bilhões de euros — o equivalente a aproximadamente US$ 442 bilhões —, o que representa cerca de 70% de suas exportações para o mercado americano.

      Antes da carta enviada por Trump, os negociadores europeus ainda vislumbravam a possibilidade de um entendimento com base em uma tarifa de 10% aplicada a um grupo significativo de produtos. A esperança agora cede lugar a um movimento mais estratégico e defensivo.

      Bloco prepara contramedidas - Caso não haja avanço até o prazo de agosto, a UE deve implementar medidas de retaliação previamente autorizadas. O bloco já tem prontas tarifas sobre 21 bilhões de euros em produtos americanos, com foco em setores politicamente sensíveis nos EUA — como soja da Louisiana, frango, motocicletas e bens agrícolas.

      Além disso, uma segunda lista de tarifas, que cobre outros 72 bilhões de euros, mira setores industriais estratégicos, como aeronaves da Boeing, automóveis e uísque bourbon. Estão também em avaliação ações não tarifárias, como controles de exportação e restrições à participação de empresas americanas em contratos públicos na Europa.

      Entre as opções mais severas está a ativação do instrumento anticoerção (ACI), o mecanismo mais robusto do bloco contra práticas comerciais consideradas coercitivas por países terceiros. Com esse instrumento, a UE poderia impor novas tarifas, restrições a investimentos, limitar o acesso ao mercado europeu e até bloquear empresas dos EUA de participarem de licitações públicas.

      “A Comissão pode propor o uso do ACI, mas cabe aos Estados-membros avaliar se há um caso de coerção e decidir sobre sua ativação”, explica a Bloomberg. O ACI foi idealizado como ferramenta de dissuasão e resposta a pressões externas sobre decisões soberanas do bloco.

      Cenário incerto e riscos de guerra comercial - À medida que o prazo imposto por Trump se aproxima, cresce o consenso entre os líderes europeus de que será necessário um plano de ação robusto, com aval político, para fazer frente às investidas americanas. A percepção dentro do bloco é de que qualquer movimento de retaliação poderá provocar uma reação ainda mais dura da Casa Branca.

      O temor de uma guerra comercial transatlântica volta ao centro do debate europeu, com o risco de abalar as relações econômicas entre dois dos maiores mercados do mundo. As próximas semanas serão decisivas para determinar se haverá espaço para um acordo ou se a confrontação tarifária entre os Estados Unidos e a União Europeia ganhará contornos mais severos.

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