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Importadores correm para desembarcar café brasileiro nos Estados Unidos antes da tarifa de 50% de Trump

Empresários antecipam embarques para evitar sobretaxa e mercado se prepara para aumento de preços e mudança nas rotas comerciais

Café (Foto: Mohammad Khursheed / Reuters)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Comerciantes de commodities estão correndo contra o tempo para desembarcar o máximo possível de café brasileiro nos Estados Unidos antes da entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos do Brasil, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump. A informação foi publicada pela agência Reuters nesta quarta-feira 16.

De acordo com a reportagem, navios estão sendo redirecionados durante a viagem, com escalas em outros portos sendo canceladas, para que os contêineres cheguem a tempo aos portos norte-americanos sem a incidência da nova tarifa, que passa a valer a partir de 1º de agosto. Alguns importadores também estão enviando café brasileiro que estava estocado em países vizinhos, como Canadá e México, diretamente para o mercado norte-americano.

“Redirecionamos algumas cargas para chegarem mais cedo nos Estados Unidos, algo que iria fazer uma viagem mais longa”, explicou Jeff Bernstein, diretor da empresa de comércio de café RGC Coffee. “Mas em outras cargas, não conseguimos acelerar o processo”, completou.

O Brasil responde por cerca de um terço de todo o café consumido nos Estados Unidos, seja como produto de origem única ou como base para a maioria das misturas vendidas no maior mercado consumidor do mundo. Já a produção local corresponde a apenas 1% do consumo total.

A forte alta nos preços do café já vinha sendo registrada desde o ano passado, com um salto de 70% provocado pela escassez na produção. Agora, o novo imposto anunciado por Trump deve agravar ainda mais os preços para o consumidor final.“É uma forma de taxação que prejudica as empresas americanas, ninguém mais. Nem o Brasil, nem o presidente brasileiro Lula. Essa nova tarifa de 50% é uma ameaça existencial para importadores como eu”, disse Steve Walter Thomas, diretor-executivo da importadora Lucatelli Coffee.

A cooperativa brasileira Expocacer, que no ano passado aumentou em 15% as vendas para o mercado norte-americano, informou que não há possibilidade de renegociação nos contratos com entregas previstas após o início da tarifa. “É uma taxa imposta internamente, no país importador, então o importador é responsável pelo pagamento e repassa ao consumidor”, explicou o presidente da Expocacer, Simão Pedro de Lima.

Ainda segundo comerciantes ouvidos pela Reuters, a manutenção da tarifa deverá causar uma reorganização no fluxo comercial global, com o café brasileiro sendo mais direcionado à Europa e Ásia, enquanto os Estados Unidos poderão ampliar a compra de café da África, América do Sul e América Central. 

No entanto, alertam que essa substituição terá um custo elevado para o mercado.Um comerciante, sob anonimato, afirmou que o café brasileiro corresponde a cerca de um terço das misturas vendidas em redes como Dunkin Donuts e Tim Hortons, e é amplamente utilizado também pela Starbucks. Nenhuma das empresas respondeu aos questionamentos da Reuters.

A Associação Nacional do Café dos Estados Unidos preferiu não comentar diretamente a nova tarifa, mas destacou que o café “é parte essencial da vida dos americanos e da economia do país”, lembrando que dois terços dos adultos norte-americanos consomem café diariamente. A associação pediu formalmente à administração Trump que o café brasileiro seja excluído da nova taxação.

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