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Otan ameaça o Brasil com sanções por manter comércio com a Rússia

Secretário-geral do pacto que é um braço armado do imperialismo pressiona países do BRICS e diz que Brasi pode ser alvo de tarifas de até 100%

Sede da Otan em Bruxelas (Foto: REUTERS/Yves Herman/)
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247 - O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, fez no início da semana uma grave ameaça ao Brasill, à Índia e à China, afirmando que esses países podem ser atingidos por sanções severas caso mantenham relações comerciais com a Rússia, especialmente no setor de energia. A declaração foi feita durante uma visita de Rutte ao Congresso dos Estados Unidos e repercutida pela agência Reuters, além de outros veículos da imprensa internacional.

Segundo Rutte, caso não haja avanços concretos nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia nos próximos 50 dias, o Ocidente poderá aplicar "sanções secundárias muito fortes" contra os países que continuam fazendo negócios com Moscou, o que incluiria tarifas de até 100% sobre produtos desses países.

“Se você mora em Pequim, ou em Délhi, ou é o presidente do Brasil, talvez queira analisar isso, porque pode ser muito prejudicial. Então, por favor, liguem para Vladimir Putin e digam a ele que ele precisa levar as negociações de paz a sério, porque, caso contrário, isso vai afetar o Brasil, a Índia e a China de forma massiva”, declarou Rutte, segundo a Reuters.

As chamadas sanções secundárias são medidas aplicadas a países ou empresas que mantêm relações comerciais com entidades já sancionadas, neste caso, russas. A intenção da Otan e dos Estados Unidos seria ampliar o cerco econômico à Rússia, pressionando por um acordo que encerre o conflito armado com a Ucrânia.

O tom do secretário-geral da Otan foi reforçado pelo senador norte-americano Thom Tillis, que acompanhava a coletiva. Para ele, o presidente russo, Vladimir Putin, está ganhando tempo ao aceitar negociar, mas sem recuar militarmente. “Putin vai tentar usar esses 50 dias para tomar o que puder antes de assinar qualquer coisa. Temos que evitar que isso influencie o resultado das negociações”, disse Tillis.

A advertência ocorre em meio ao anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, que autorizou um novo envio de armamentos para a Ucrânia e sinalizou que, se não houver progresso rumo à paz, os aliados imporão sanções unilaterais e multilaterais mais agressivas. O plano prevê também um aumento do apoio militar à Ucrânia, com reforço de sistemas de defesa aérea, mísseis e radares, financiados pelos países europeus sob a coordenação da Otan.

No caso brasileiro, a ameaça de sanções ocorre em meio a uma escalada de tensões com os Estados Unidos. Na semana passada, Trump anunciou tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, alegando “desequilíbrio nas relações comerciais” e pressões internas provocadas por investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

O Brasil tem buscado manter uma posição de neutralidade no conflito, defendendo o diálogo e a autodeterminação dos povos. Como membro do BRICS, mantém relações estreitas com a Rússia no comércio de fertilizantes, energia e tecnologia. O país também tem participado de iniciativas internacionais pela paz, incluindo fóruns como o G20 e o Conselho de Segurança da ONU.

A ofensiva da Otan, no entanto, demonstra o esforço do Ocidente em isolar a Rússia e forçar o fim da guerra por meio de um bloqueio econômico ampliado. Para os analistas, o Brasil se encontra diante de um dilema estratégico: manter seus compromissos comerciais e políticos com a Rússia e demais parceiros dos BRICS, ou ceder à pressão atlântica para evitar retaliações econômicas e diplomáticas.

A escalada de ameaças ocorre no momento em que os Estados Unidos e a Otan endurecem o discurso contra países que não alinham suas políticas externas com os interesses dos países imperialistas ocidentais. Ao mesmo tempo, o avanço das sanções secundárias pode gerar turbulências no comércio global e aumentar as tensões entre os blocos geopolíticos rivais.

Enquanto isso, o presidente Lula tem reforçado a necessidade de uma ordem internacional baseada na multipolaridade, na cooperação e no respeito à soberania. Em pronunciamentos recentes, destacou o papel do Brasil como mediador confiável e promotor da paz, posição que poderá ser colocada à prova nas próximas semanas, diante das pressões crescentes de Washington e Bruxelas.

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