Haddad reconhece divergências no governo, defende 'Estado forte' e destaca apoio do PT
Ministro da Fazenda afirma que divergências são naturais na política e reforça que o PT apoia o arcabouço fiscal
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira (22) que as divergências dentro do governo fazem parte da política e não o surpreendem. Durante evento promovido pelo BTG Pactual, em São Paulo, Haddad destacou que assumir a condução da economia em um país complexo como o Brasil exige maturidade e disposição para lidar com disputas internas e externas.
“É ingênuo imaginar que você vai botar um ministro da Fazenda que não vai enfrentar debate. Quem não gosta, não assume a Fazenda. Eu quis assumir sabendo da confusão”, declarou o ministro. Para ele, o embate de ideias é parte essencial da política, que lida diretamente com as demandas da população, como salário, emprego e condições de vida.
Conflitos políticos e complexidade do país
Haddad citou como exemplo a dificuldade em aprovar medidas que considera fundamentais, como a punição a devedores contumazes e regras mais rígidas para o mercado de combustíveis. “Estamos em um país complexo. Se não fosse complexo, o Brasil teria renda per capita de US$ 50 mil por ano. Temos que convencer as pessoas a fazer o certo, ser transparentes e enfrentar os lobbies que operam no país”, afirmou.
O ministro ressaltou que, apesar dos obstáculos, acredita na construção política como ferramenta para avançar em reformas e políticas públicas. “É bonito fazer a construção política. Você tem que chamar os caras e conversar, negociar, mostrar que é o melhor caminho para o país”, disse.
O que significa um Estado forte
Haddad também defendeu uma nova compreensão sobre o papel do Estado no Brasil. Para ele, um Estado forte não é aquele que gasta sem limites, mas o que mantém equilíbrio fiscal e credibilidade internacional. “Um Estado forte é um Estado menos endividado, com capacidade de agir diante de emergências e de atrair investimento. É um Estado operante, capaz de sentar à mesa com grandes investidores, transferir tecnologia e apostar no futuro do país”, declarou.
O ministro ressaltou que tanto à direita quanto à esquerda existem visões equivocadas sobre o papel do Estado e o caminho para o desenvolvimento sustentável. “É inadmissível para um país que queira ser grande conviver com o nível de desigualdade que o Brasil tem. Precisamos encontrar um caminho que una crescimento e redução da desigualdade”, afirmou.
Apoio dentro do PT
Haddad também mencionou a posição do Partido dos Trabalhadores em relação ao arcabouço fiscal, aprovado no Congresso. Segundo ele, apesar de críticas públicas de parte da militância, o partido demonstrou apoio majoritário. “No último encontro do PT, colocaram em votação apoio ou não ao arcabouço fiscal. O resultado foi 80 a 20 a favor. Às vezes essa maioria é silenciosa, não aparece, mas apoia. Todo mundo sabe que tem coisa que tem que ser feita”, disse.
Ao encerrar sua fala, o ministro reforçou que continuará buscando diálogo com diferentes setores políticos e econômicos para construir soluções sustentáveis para o país.


