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Tensão no STF: possível pedido de vista de Fux gerou apreensão no julgamento de Bolsonaro

Ministros temiam que Luiz Fux descumprisse o acordo, mudasse de posição e paralisasse análise da trama golpista

Ministro Luiz Fux durante sessão da Primeira Turma do STF em Brasília - 03/09/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)

247 - O julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), por seu envolvimento na trama golpista, foi marcado por momentos de forte tensão. Segundo Bela Megale, do jornal O Globo, a maior preocupação dos ministros da Primeira Turma estava voltada ao risco de o ministro Luiz Fux pedir vista e suspender o processo — algo que ele havia sinalizado anteriormente que não faria. Ainda assim, a possibilidade de mudança de postura permeou cada sessão do caso.

O episódio de maior apreensão ocorreu na quarta-feira (10), quando Fux surpreendeu os colegas ao negar a existência de tentativa de golpe de Estado e de ataques às instituições, apesar de já ter relatado em ocasiões anteriores as ameaças enfrentadas durante sua gestão na presidência do STF. 

Contradições e desconfiança

O posicionamento de Fux gerou desconforto entre os colegas, principalmente porque contrastava com decisões anteriores do próprio ministro em mais de 400 processos relacionados ao 8 de janeiro. Além disso, declarações interpretadas como críticas diretas a outros magistrados, em especial a Alexandre de Moraes, aumentaram a tensão nos bastidores.

Mesmo diante da necessidade de responder com firmeza aos argumentos de Fux, o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, e os demais ministros — Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Flávio Dino — optaram por não interromper sua fala, atendendo a um pedido feito pelo próprio ministro cerca de uma semana antes do julgamento. O receio era de que qualquer intervenção fosse utilizada como justificativa para um pedido de vista.

Estratégia de prolongar o voto

A fala de Fux, que se estendeu por mais de 13 horas, foi interpretada como uma tentativa de “vencer pelo cansaço”. Os ministros avaliaram que a estratégia visava alongar a sessão para dividir o voto em dois dias, garantindo maior repercussão. Diante disso, Zanin e os demais decidiram prolongar os trabalhos de quarta-feira até que Fux encerrasse sua manifestação.

Somente na quinta-feira (11), com os votos de Cármen Lúcia e Zanin, consolidou-se a condenação de Bolsonaro e dos outros acusados. Foi então que se dissipou o temor de uma manobra que pudesse atrasar ou suspender o julgamento.

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