Marcelo Uchôa diz que o voto de Fux foi 'covardia' e faz alerta sobre Eduardo Bolsonaro
Jurista alertou que as tentativas de golpe contra o Estado Democrático de Direito podem continuar
247 - O jurista Marcelo Uchôa afirmou que o Brasil passou pelo “julgamento do século” que resultou na condenação de Jair Bolsonaro (PL) e generais por tentativa de golpe. O estudioso criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, que optou por absolver o ex-mandatário, e votou pela absolvição de mais seis réus no inquérito da trama golpista. Em entrevista à TV PT, Uchôa aproveitou para destacar a gravidade das articulações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.
De acordo com o jurista, “o voto do ministro Fux foi um voto de covardia contra a democracia brasileira, contra o Supremo e seus ministros e contra um ministro específico, que foi ameaçado de morte, um colega dele”. “É inadmissível que o ministro Fux tenha feito o que fez, em sã consciência”, afirmou Uchôa, conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
“Ele fez a defesa aberta de todo mundo, foi muito grave porque ele fez comparações absolutamente esdrúxulas. O fato é que Bolsonaro vai se deslocar da casa dele para dentro de um local prisional para cumprir a pena dele”, acrescentou.
Como Fux votou
O ministro do STF Luiz Fux votou pela absolvição de seis réus - Almir Garnier, Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Anderson Torres .
O magistrado votou pela condenação do tenente-coronel Mauro Cid e do general Walter Braga Netto apenas pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O STF condenou os oito réus na investigação - Jair Bolsonaro, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira, o ex-comandante Almir Garnier Santos, o tenente-coronel Mauro Cid, o general Braga Netto e o ex-ministro Anderson Torres.
Eduardo Bolsonaro
O jurista fez um alerta contra as articulações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro junto ao governo Donald Trump (EUA), com o objetivo de aplicar sanções como o tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras e a suspensão de vistos de ministros do STF para o território norte-americano. O motivo para as duas medidas é o inquérito da trama golpista contra Jair Bolsonaro.
Uchôa recordou que o parlamentar da extrema direita brasileira abandonou o cargo de deputado, pois como servidor público, teria que voltar ao trabalho. “É um fugitivo. Não há dúvida de que houve uma tentativa de golpe no Brasil. Uma dúvida foi criada ontem por um ministro do Supremo Tribunal Federal, o que eu acho mais grave”.
A Polícia Federal indiciou Eduardo e o seu pai, Jair Bolsonaro, por obstrução judicial da investigação da trama golpista.
Donald Trump
Na entrevista, o jurista comentou sobre o presidente Donald Trump (Partido Republicano), que representa a extrema direita norte-americana.
“Ele é o picareta típico. Sempre quer ser espertalhão e sempre gosta de enrolar com as palavras. O Brasil não vai tremer. O presidente Lula foi muito claro: o Brasil tem um povo e o Brasil tem um dono. Não será ameaça do Trump de Lei Magnitsky, retaliação comercial ou de uso militar que fará o Brasil dobrar a sua jurisdição”.