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Lula chama Bolsonaro de "covarde" e manda recado após "ameaça" de Trump: "o senhor está muito mal informado"

Presidente garante negociações “em todas as esferas”, inclusive no BRICS, para evitar o tarifaço, mas promete reciprocidade “se não tiver jeito”

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - Durante discurso nesta sexta-feira (11) em Linhares, no Espírito Santo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento contundente em resposta ao aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros anunciado por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. No mesmo evento que marcou o início do pagamento do Programa de Transferência de Renda (PTR), Lula criticou a medida, repudiou qualquer tentativa de interferência estrangeira no Judiciário brasileiro e acusou Jair Bolsonaro (PL) de agir como um “covarde” ao tentar utilizar Trump como escudo para fugir de seu processo judicial.

Em um tom firme, Lula desabafou: “aquela coisa covarde que preparou um golpe nesse país, não teve coragem de fazer, está sendo processado, vai ser julgado, e ele mandou o filho dele para os Estados Unidos pedir para o Trump fazer ameaça. ‘Ah, se não liberarem o Bolsonaro eu vou taxar vocês’”.

O presidente foi direto ao se dirigir a Trump, denunciando a tentativa de chantagem diplomática: “com todo respeito ao presidente Trump, o senhor está mal informado. Muito mal informado. Os Estados Unidos não têm déficit comercial com o Brasil. É o Brasil que tem déficit comercial com os Estados Unidos. Em 15 anos, entre comércio e serviço, temos um déficit de US$ 410 bilhões. Eu que deveria taxar ele".

Lula reforçou seu compromisso com a Justiça e a soberania nacional, criticando os que tentam fugir das consequências de seus atos. “Essa gente não vai brincar com o Brasil. [...] Se for inocente será absolvido, como eu fui. Se for culpado, vai para a cadeia, como todo mundo”, afirmou, destacando que o Poder Judiciário brasileiro é autônomo e que nenhum presidente, seja brasileiro ou estrangeiro, tem poder de intervenção sobre as decisões da Suprema Corte.

Lula também deixou claro que a reação brasileira será proporcional caso não haja solução no campo diplomático: “vou tentar brigar em todas as esferas para que não venha a taxação – na OMC, vou conversar com meus companheiros do BRICS. Agora, se não tiver jeito, vamos estabelecer a Lei da Reciprocidade. Taxou aqui, a gente taxa lá".

O evento em Linhares também contou com falas incisivas de ministros como Jorge Messias (AGU), Rui Costa (Casa Civil), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e do governador Renato Casagrande (PSB), todos em defesa da soberania brasileira e em crítica aberta à tentativa de interferência estrangeira no país. O Programa de Transferência de Renda é uma das ações previstas no Novo Acordo do Rio Doce, que busca reparar os danos do desastre da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015.

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