Haddad acusa oposição de sabotagem: "vão prejudicar o Brasil"
Ministro critica articulação de partidos do Centrão e diz que resistência à MP 1303 tem motivação eleitoral
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (8) que a oposição e setores do Centrão estão sabotando o governo e colocando em risco o equilíbrio fiscal do país ao tentar barrar a Medida Provisória 1303, que garante receita para 2026.
A proposta, que precisa ser votada até as 23h59 de hoje pela Câmara e pelo Senado, prevê arrecadação de R$ 17 bilhões por meio da taxação de aplicações financeiras e ativos virtuais, com o objetivo de compensar a queda de receita provocada pela redução do IOF.
Sem acordo político, o governo mobilizou toda a sua base para tentar evitar que a MP caduque — inclusive com a exoneração temporária de três ministros que são deputados (André Fufuca, Celso Sabino e Silvio Costa Filho), para reforçar a votação na Câmara, conforme informado pelo portal Eixo Político.
Haddad: “Não é o governo que perde, é o Brasil”
Em entrevista à imprensa, Haddad foi duro ao acusar os adversários de usar o tema fiscal como instrumento político a um ano da eleição presidencial.
“São os mesmos que desorganizaram o país em 2022 por fins espúrios. Em vez de pensar no país, estavam pensando em si próprios”, declarou, segundo o portal UOL.
“Agora querem fazer o que foi feito em 2022, só que invertendo o sinal: antes foi abundância de recursos para ganhar a eleição; agora querem restringir o orçamento para prejudicar o governo. Não vai acontecer — vão prejudicar o Brasil”, completou o ministro.
Haddad também agradeceu ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por reconhecer que o impasse não é técnico, mas político:
“Todas as questões de mérito foram pactuadas. O presidente Hugo Motta e a mesa reconheceram isso. Não é mais uma questão de mérito.”
O ministro insistiu que a medida não afeta a população nem o trabalhador comum, mas pede que os mais ricos contribuam para o equilíbrio fiscal:
“É um acordo que não penaliza 99% da população. É um chamamento à responsabilidade do 1%. Seja bets, seja banco, seja bilionário: é só a justa parte que lhes cabe.”
Tensão política e acusações de sabotagem
Nos bastidores, governistas acusam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de operar contra a aprovação da MP. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), chamou o movimento de “sabotagem contra o Brasil”.
“Eles estão antecipando o calendário eleitoral e tentando criar uma crise fiscal para o governo. É um tiro no pé”, afirmou, conforme reportado pela agência Reuters.
Bancadas do PP, União Brasil e Republicanos — partidos que têm ministros no governo — decidiram fechar questão contra a proposta.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira, anunciou nas redes sociais que as bancadas da legenda “deliberaram por votar contra a MP 1303”, afirmando que o partido “reafirma seu compromisso de impedir qualquer novo aumento de carga tributária no país”.
Tarcísio, por sua vez, negou envolvimento nas articulações e disse estar concentrado na crise do metanol em São Paulo.
Lula se envolve na articulação
Com o prazo se esgotando, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião de emergência com Haddad, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e líderes da base aliada para tentar destravar a votação.
O Planalto avalia que, se a MP caducar, o governo poderá enfrentar um rombo de R$ 17 bilhões no Orçamento de 2026, o que forçaria um contingenciamento de até R$ 10 bilhões em emendas parlamentares e cortes em programas sociais.
Lula também fez um apelo público pela aprovação:
“Espero que o Congresso dê uma demonstração de maturidade. É uma bobagem transformar isso em questão eleitoral. Se alguém quer misturar isso com eleição, é uma pobreza de espírito extraordinária.”