Celso de Mello acusa "traidores da pátria" e critica pressão de Donald Trump contra o Brasil
Ex-ministro do STF diz que aliança do clã Bolsonaro com governo estrangeiro para atacar instituições é atentado à soberania nacional
247 - O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello fez duras críticas à atuação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de políticos brasileiros que, segundo ele, atuam contra os interesses do país. As declarações foram enviadas em nota ao jornal Valor Econômico e apontam um “momento de extrema preocupação” na relação entre Brasil e EUA, que atravessam seu período mais tenso em mais de dois séculos de relações diplomáticas.
De acordo com Mello, o Brasil vem sendo “assediado” pelo chefe da Casa Branca e por agentes públicos que “vergonhosa e servilmente se curvam a um poder estrangeiro, como desprezíveis traidores da Pátria”. Sem citar nomes, ele fez referência a Jair Bolsonaro (PL) e ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde março.
Crise diplomática e medidas retaliatórias - A tensão entre os dois países se intensificou após Trump impor uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, justificando a medida por suposta perseguição judicial contra Bolsonaro. Desde então, o governo norte-americano endureceu as ações contra autoridades brasileiras, revogando vistos de ministros do STF e aplicando a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, relator de processos envolvendo Bolsonaro.
As medidas receberam apoio público de Eduardo Bolsonaro, o que, segundo Celso de Mello, configura “comportamento ultrajante” por parte de brasileiros que se aliam a nações estrangeiras para atacar as instituições nacionais.
Defesa da soberania e crítica a Trump - Na nota, o ex-presidente do STF classificou Trump como “um ‘bully’ vulgar e indiferente aos grandes princípios que regem as relações internacionais” e acusou o líder norte-americano de praticar “atos arbitrários e de prepotência imperial” contra o Brasil.
Para Mello, “trair a pátria constitui um dos atos mais indignos, infamantes e vergonhosos que um brasileiro pode cometer contra a sua própria nacionalidade”. Ele ressaltou que a defesa da soberania é “dever cívico e político de todos os brasileiros” e lembrou que a não interferência em assuntos internos é um princípio consagrado desde os tratados de Westfália, em 1648.
Histórico das relações Brasil-EUA - Celso de Mello também fez um breve retrospecto da relação entre os dois países, lembrando que os Estados Unidos foram a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil, em 1824. Embora reconheça que ao longo de dois séculos houve momentos de alinhamento e de tensão, o ex-ministro afirmou que a convivência foi marcada por vínculos amistosos — algo que, segundo ele, não ocorre hoje devido à “política externa controversa e atípica” de Trump, caracterizada por isolacionismo, nacionalismo econômico e personalismo.
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