Base governista reage ao interesse dos EUA sobre terras raras do Brasil e critica 'ingerência externa'
Aliados do governo criticam planos de Trump para adquirir lítio, nióbio e terras raras do Brasil e falam em ameaça à soberania nacional
247 - Parlamentares da base governista reagiram com indignação à revelação de que o governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, está interessado em firmar acordos para adquirir minerais estratégicos brasileiros. A reação veio na esteira das declarações do encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, sobre as intenções de Washington de negociar o acesso ao lítio, ao nióbio e a metais de terras raras em território brasileiro. As informações são da coluna Sonar, de O Globo.
Durante evento em Minas Gerais, na quinta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com veemência à possibilidade de ingerência externa nos recursos naturais brasileiros. “Nós temos 12% da água doce do mundo para proteger. Nós temos 215 milhões de pessoas para proteger. Nós temos todo o nosso petróleo para proteger. Nós temos todo o nosso ouro para proteger. Nós temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, declarou.
A fala de Lula foi amplamente ecoada por aliados, que utilizaram as redes sociais para condenar os interesses estadunidenses. O vice-líder do governo no Congresso, deputado Bohn Gass (PT-RS), publicou: “Pix, petróleo, ganhos em bilhões com os tarifaços, impedir a desdolarização da economia. E Trump sabe que só o bolsonarismo teria a desfaçatez de renegar a soberania para lhe entregar tudo o que ele quer”. Na mesma linha, o ex-senador Roberto Requião (PDT-PR) afirmou: “Trump quer as terras raras do Brasil, o petróleo, a água e o governo da República submetido aos seus desejos”.
A reação, de acordo com a reportagem, também incluiu iniciativas legislativas. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) informou que estuda propor um projeto de lei que garanta o monopólio da União sobre a exploração de terras raras. “É para levantar esse debate contra essa ingerência externa que está de olho nas nossas riquezas. É mais um elemento que eu acho importante para chamar a atenção nesse momento que, muitas vezes, está debaixo dos panos. É um interesse, uma cobiça sobre esses minerais, que são fundamentais para a ciência e tecnologia no mundo”, justificou.
Nos Estados Unidos, a articulação política em torno do interesse pelos recursos brasileiros tem como uma das figuras centrais o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a reportagem, ele tem pressionado por sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e defendido o chamado “tarifaço” como instrumento para forçar a concessão de anistia a investigados por participação em tentativas golpistas.
Gabriel Escobar levou o tema ao conhecimento de representantes do setor mineral brasileiro em reunião realizada na última quarta-feira (23). A proposta estadunidense foi, em seguida, encaminhada ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, que conduz as negociações comerciais com os Estados Unidos. A gestão brasileira busca impedir que as exportações nacionais sejam impactadas por novas tarifas de importação anunciadas por Trump, que devem entrar em vigor em 1º de agosto e poderão atingir até 50% sobre determinados produtos brasileiros.
Apesar de empresas terem concessões da União para explorar e comercializar esses minerais, interlocutores do governo destacaram que, em meio à crise diplomática atual, não há espaço para atender os interesses norte-americanos sem uma contrapartida clara.
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