Após defender tarifas, Eduardo Bolsonaro diz que aceitaria "missão" de ser presidente
Deputado licenciado voltou a atacar Moraes, defendeu sanções contra ministros do STF e afirmou que aceitaria candidatura caso fosse escolhido pelo pai
247 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista à agência Reuters nesta quinta-feira (14), que aceitaria disputar a Presidência da República em 2026 se essa fosse uma “missão” dada por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), hoje inelegível. “Se for uma missão dada pelo meu pai... eu sim aceitaria o desafio”, declarou.
Na conversa com a Reuters, realizada no escritório da agência em Washington, Eduardo também voltou a defender tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil como forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em especial, o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “gangster”, “psicopata” e “mafioso”.
Apoio às tarifas de Trump
O parlamentar classificou as tarifas de 50% aplicadas pelo governo Donald Trump a produtos como carne bovina, café, peixe e calçados brasileiros como um “remédio amargo”, que teria como objetivo conter o que chamou de “ofensiva legal descontrolada” contra o ex-presidente.
“Tenho alertado a todos aqueles que pretendem tratar isso apenas pela ótica comercial. Isso não vai funcionar. Tem que ser dada uma primeira sinalização aos Estados Unidos de que a gente está resolvendo essa crise institucional”, afirmou.
Segundo Eduardo, o agronegócio — tradicional base de apoio do bolsonarismo — considera que vale a pena arcar com perdas financeiras para “resgatar a normalidade institucional” no país.
Sanções e ataques a Moraes
O deputado disse esperar que novas sanções de Washington atinjam em breve autoridades como o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e a ex-presidente Dilma Rousseff, pela participação no programa Mais Médicos durante governos do PT. Ele também defendeu que a esposa de Moraes, advogada, seja alvo de medidas restritivas.
O STF investiga Jair Bolsonaro e Eduardo por supostamente recorrerem à Casa Branca para obter apoio político. Moraes colocou o ex-presidente em prisão domiciliar no início de agosto e proibiu contato com o filho, que vive nos EUA desde março para articular apoio de Trump ao pai.
Críticas a Lula e tensão diplomática
Eduardo Bolsonaro afirmou não ver possibilidade de o Brasil negociar a redução das tarifas sem concessões do STF e disse que “os ministros da Suprema Corte têm que entender que perderam o poder”. O presidente Lula, por sua vez, já rechaçou as exigências de Trump, classificando-as como afronta à soberania e chamando Jair e Eduardo Bolsonaro de “traidores” por incentivarem a intervenção norte-americana.
Futuro político e vida nos EUA
Apesar de dizer que não tem ambição pessoal de ser presidente, Eduardo abriu a possibilidade de disputar o cargo se Jair Bolsonaro — condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral e inelegível até 2030 — o escolhesse como sucessor. O deputado também evitou falar sobre seu status migratório, mas afirmou ter autorização para permanecer nos Estados Unidos “por um bom tempo” e não descartou pedir asilo ou cidadania.