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      Lula defende Cuba, reafirma soberania do Brasil e reage a Trump: 'não é imperador'

      Em Pernambuco, presidente critica bloqueio a Cuba, diz que Brasil “não vai ficar chorando” diante das tarifas dos EUA e sustenta regulação das redes

      Donald Trump e Lula (Foto: REUTERS/Brian Snyder | REUTERS/Adriano Machado)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil manterá uma postura soberana nas relações internacionais, defendeu o fim do bloqueio a Cuba e respondeu às medidas comerciais e às críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (14), durante a inauguração da fábrica de hemoderivados da Hemobrás, em Goiana (PE).

      Cuba, Brasil e os Estados Unidos

      Ao mencionar a relação com Cuba, Lula fez um apelo pelo respeito à autodeterminação do povo cubano e condenou o embargo norte-americano. “E quero dizer para os companheiros cubanos: nossa relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos. Hoje estão passando necessidade, por um bloqueio que não há nenhuma razão. Os EUA fizeram uma guerra e perderam. Aceite e deixe os cubanos viverem em paz. Não fique querendo mandar no mundo. Ele não é imperador”.

      No mesmo tom, o presidente reafirmou que o Brasil busca diálogo e comércio sem submissão. “Não fiquem preocupados com o visto dos Estados Unidos. O mundo é muito grande. O Brasil tem 8,5 milhões de de km2. Você tem lugar para andar para caramba no Brasil. Não se importe”, afirmou o presidente em recado a servidores do Ministério da Saúde que tiveram o visto estadunidense cassado, em razão de seu trabalho no Mais Médicos, programa feito em parceria com profissionais da saúde cubanos.

      Mercado externo e recado a Washington

      Lula disse que o governo não aceitará prejuízos ao setor produtivo brasileiro e diversificará destinos de exportação. “Ontem fizemos uma grande decisão para ajudar as empresas brasileiras que exportam. Todas as empresas, pequenas, grandes e médias. Nós vamos ajudar. Não vamos deixar nossas empresas morrerem à míngua. E também não vamos ficar chorando que ele [Trump] parou de comprar não. Vamos tentar vender para a China, para a Índia, para a Rússia, para a Alemanha, para qualquer lugar”.

      Ao destacar a abertura de mercados, afirmou: “Vocês sabem quantos mercados para os produtos brasileiros abrimos em apenas dois anos e meio? 400 mercados. Eu quero dizer para os brasileiros: se os EUA não quiserem comprar, não tem importância, não vamos ficar chorando, rastejando. Eu vou procurar outros países para vender os produtos que eu vendo para eles e vamos seguir em frente”.

      Soberania e respeito

      O presidente reforçou que a política externa será guiada pela defesa do interesse nacional e pelo respeito mútuo. “Eu aprendi a andar de cabeça erguida. E quem aprende a andar de cabeça erguida, se baixar a cabeça eles colocam uma cangalha. E se deixar, não levanta mais. Eu aprendi a andar de cabeça erguida. Quero que esse país seja respeitado. Qualquer nordestino é tão importante quanto o povo americano. Se eu respeito o povo americano, ele tem que respeitar o povo brasileiro”.

      Comércio com os EUA e crítica às tarifas

      Lula reagiu às justificativas de Trump para elevar tarifas, afirmando que não há déficit norte-americano no comércio bilateral. “O Trump, o presidente americano, fez uma insensatez com o Brasil. Somos parceiros dos americanos há 201 anos. (…) ele disse que era preciso aumentar a taxa porque os EUA tinham déficit. (…) O comércio Brasil-EUA no ano passado foi de US$ 87 bilhões, dos quais eles venderam US$ 47 bilhões e nós US$ 40. Tiveram um superávit de US$ 7 bilhões. Se pegarem a questão do armazenamento de informaões, das empresas de dados, o Brasil gastou no ano passado US# 23 bilhões com empresas americanas. E se pegar nos últimos 15 anos, os americanos tiveram um superávit de US$ 410 bilhões em relação ao Brasil. ENtão não tem explicação”.

      Na sequência, indicou disposição para negociar: “E nós ainda queremos negociar. Tenho o Alckmin, que é meu vice-presidente, tenho o Haddad, que é meu ministro da Fazenda, tenho Fávaro, que é meu ministro da Agricultura, tenho o Mauro Vieira, que é o ministro das Relações Exteriores, todo mundo preparado para negociar. A hora que quiserem negociar, nós sentamos numa mesa. Dos dez maiores produtos que eles exportam para nós, sabe quanto pagam de imposto? De oito, pagam zero. Sabe a média que eles pagam para nós? 2,7%. Então não conte inverdade para o planeta Terra. Este país não quer briga. Nós somos da paz. Mas não mexa conosco, porque temos sangue pernambucano".

      Mais Médicos e soberania social

      Ao defender o Mais Médicos e a presença de profissionais nas periferias e no interior, Lula vinculou saúde, educação e segurança alimentar à ideia de soberania. “Quando criamos o Mais Médicos, qual era a bronca dos médicos? É que tem uma parte elitista da saúde desse país que acha que não falta médico. Agora, os prefeitos sabem que faltam médicos. Para levar para a periferia mais violenta, é difícil ter médico que quer ir. (…) Então é preciso que a gente tenha noção da parte do Brasil que não precisa e da parte que precisa, e é o governo que tem que tomar a decisão".

      “Um país soberano tem que cuidar de três coisas: da educação, garantir alimento para todo mundo - porque a segurança alimentar é primordial - e garantir a questão da saúde. Isso aqui chama-se soberania nacional".

      Direitos humanos, Bolsonaro e regulação de plataformas

      Lula também rebateu críticas sobre direitos humanos e alega perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “A segunda coisa que ele disse é que estamos persgeuindo o ex-presidente. (…) Ele está sendo julgado pelas mazelas que fez, pela tentativa de golpe, pela preparação do assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin, do Alexandre de Moraes, pela tentativa de colocar um carro-bomba no aeroporto. (…) Ele está sendo julgado porque os comparsas dele delataram ele.”

      Sobre a pandemia, declarou: “Gente, ele deveria ser julgado no tribunal internacional pela quantidade de mortes da Covid aqui, que ele tem responsabilidade. Pelo menos 300 mil mortes é da irresponsabilidade dele, de receitar remédio que não prestava para nada, que dizer que quem tomava vacina virava gay, jacaré”.

      O presidente afirmou que enviará ao Congresso um projeto para regular plataformas digitais. “Nós estamos fazendo um projeto de regulação. Ontem terminamos o projeto e vamos mandar [para o Congresso]. Aqui no Brasil tem lei. A lei vale para nós e para empresas estrangeiras que estão aqui dentro. Não vamos permitir a loucura que se faz contra crianças e adolescentes, a pedofilia, a estimulação ao ódio, a quantidade de mentiras que é colocada, colocar em risco a democracia e o Estado de Direito”.

      Cassação de Eduardo Bolsonaro

      Lula pediu reação do Parlamento à atuação do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. “Mandou o filho para os EUA. O filho, que é deputado federal. Vocês [deputados] têm que pedir a cassação dele, porque ele está traindo o país. Essa é a verdadeira traição da pátria. Ele foi para lá instigar os americanos contra nós”.

      Igualdade de tratamento na política externa

      O presidente concluiu reiterando que o Brasil trata todos os países com o mesmo respeito. “E ele precisa saber que quem manda nesse país é o povo brasileiro. (…) Eu não sou daqueles que falam fino com os americanos e grosso com a Bolívia. Trato todo mundo igual”.

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