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Sonia Guajajara planeja deixar o governo após a COP 30

Primeira titular dos Povos Indígenas da história do país deve reassumir mandato na Câmara para preparar candidatura em 2026

Sonia Guajajara (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

247 – A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (PSOL), planeja deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo após o encerramento da COP 30, prevista para o fim de novembro deste ano, segundo informações do jornal Metrópoles.

De acordo com a publicação, Guajajara pretende retornar à Câmara dos Deputados, ocupando a vaga de Guilherme Boulos (PSOL), recentemente nomeado para a Secretaria-Geral da Presidência da República. Inicialmente, a cadeira seria assumida pelo cientista Ricardo Galvão (Rede), atual presidente do CNPq, que ficaria no posto até abril de 2026. Com a antecipação da saída da ministra, Galvão deve permanecer à frente da instituição.

Estratégia política para 2026

Segundo apurou o Metrópoles, Sonia Guajajara vê no retorno ao Legislativo uma oportunidade estratégica para consolidar sua projeção nacional e viabilizar uma nova candidatura nas eleições de 2026. A ministra espera que sua atuação e visibilidade durante a COP 30 sirvam como vitrine política para fortalecer sua base eleitoral.

Entretanto, sua assessoria negou qualquer intenção de deixar o cargo antes do prazo legal de desincompatibilização exigido pela legislação eleitoral. “A informação não procede. A ministra Sonia Guajajara será candidata à reeleição e sairá no prazo que a legislação eleitoral exige para descompatibilização”, informou a equipe.

Desafios no comando da pasta

Primeira ministra dos Povos Indígenas da história do Brasil, Guajajara enfrenta desde o início de sua gestão, em janeiro de 2023, uma série de dificuldades estruturais e políticas. O ministério sob seu comando foi criado com um orçamento restrito e perdeu o poder de decisão sobre a demarcação de terras indígenas nos primeiros meses do governo.

Além dessas limitações, a ministra teve de lidar com a grave crise humanitária dos povos Yanomami, que expôs os efeitos devastadores do garimpo ilegal e das falhas de políticas públicas anteriores.

Mais recentemente, Guajajara também demonstrou insatisfação com a criação de um grupo de trabalho no Senado favorável à exploração mineral em terras indígenas. A iniciativa surgiu após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, sugerir a elaboração de um projeto de lei que pudesse viabilizar esse tipo de atividade — tema que gera forte resistência entre as lideranças indígenas e ambientalistas.

Protagonismo na agenda internacional

A COP 30, que será realizada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro de 2025, é considerada um dos marcos mais importantes da agenda ambiental do governo Lula. Sonia Guajajara, que integra a comitiva brasileira, pretende utilizar o evento para reforçar o compromisso do Brasil com os direitos dos povos originários e a preservação da Amazônia.

A participação da ministra é vista como uma oportunidade para ampliar sua projeção internacional e consolidar sua imagem de liderança indígena global — antes de um possível retorno à política parlamentar.

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