Motta esvazia plano do PL e deve tirar relatoria da CPI do INSS das mãos da oposição
Presidente da Câmara quer nome “equilibrado” para relatar a CPI e frustra estratégia do partido de Jair Bolsonaro
247 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve barrar a tentativa do PL, partido de Jair Bolsonaro, de emplacar um relator alinhado à oposição na CPI do INSS. Segundo o jornal O Globo, Motta tem sinalizado a aliados do centrão que a relatoria será entregue a um parlamentar de sua confiança, com perfil moderado e avesso a extremos ideológicos.
A decisão atinge diretamente a estratégia do PL, que após abrir mão da relatoria, tentou influenciar a escolha indicando nomes de centro com histórico oposicionista, como os deputados Mendonça Filho (União-PE) e Evair de Melo (PP-AL). Nenhum dos dois, no entanto, deve ser contemplado.
"Hugo deve escolher alguém de centro, da confiança dele, que não seja de esquerda, nem de direita. É um direito dele essa escolha. Se ele pedir uma indicação, daremos. Mas não há sinalização de que será alguém com afinidade à oposição, que ele vá atender a este pleito", declarou o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do PP.
A relatoria de uma CPI é um posto estratégico: cabe ao relator ditar os rumos da investigação por meio dos requerimentos, além de ser responsável pela elaboração do relatório final. A presidência da CPI, por sua vez, ficará sob indicação do Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), articula para que o senador Omar Aziz (PSD-AM), identificado como aliado do governo, assuma o comando do colegiado.
Corrida por vagas acirra disputa interna no PL - O PL terá direito a seis assentos na CPI do INSS — três titulares e três suplentes. Uma dessas suplências, no entanto, já foi reservada ao Novo por acordo entre as bancadas.
Mesmo assim, 11 parlamentares da legenda já formalizaram pedidos para ocupar as vagas disponíveis, segundo o líder da bancada, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ). Entre os nomes mais cotados estão figuras conhecidas da ala mais radical bolsonarista, como Bia Kicis (DF), Coronel Fernanda (MT), Daniela Reinehr (SC), Zé Trovão (SP), Coronel Chrisóstomo (AM), André Fernandes (CE) e Nikolas Ferreira (MG).
PT define Paulo Pimenta como titular - Na federação formada por PT, PCdoB e PV, apenas um nome está confirmado até o momento: o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência.
“O único certo na CPI, até o momento, é o Paulo Pimenta. Ele é experiente e bom de briga”, afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ).
A segunda vaga titular da federação ainda está em aberto, mas o nome do deputado Rogério Correia (PT-MG) circula nos bastidores como possível indicado. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) deve ocupar uma das suplências.
Governo enfrenta indicações críticas de partidos aliados - Curiosamente, mesmo partidos que integram a base do governo e comandam ministérios, como PP e PSD, indicaram nomes de perfil crítico às políticas do Planalto.
O PSD da Câmara confirmou como titular o deputado Sidney Leite (AM), autor de um projeto de lei que visa proibir descontos de mensalidades associativas em benefícios do INSS — proposta motivada pelas denúncias recentes de fraudes. A urgência da proposta já foi aprovada em plenário. O deputado Carlos Sampaio (SP) será o suplente.
Já no Senado, o PP indicou o senador Esperidião Amin (SC) como titular e Luiz Carlos Heinze (RS) como suplente. Ambos têm histórico de oposição ao governo.
“Ainda não temos os nomes da Câmara definidos. Mas, já sabemos que Amin e Heinze vão compor a nossa dupla do Senado”, disse Ciro Nogueira.
A composição da CPI do INSS, portanto, se desenha como um campo de disputa não apenas entre governo e oposição, mas também entre correntes internas dos próprios partidos e interesses cruzados entre as Casas do Congresso.
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