Hugo Motta articula plano para travar projeto de anistia aos golpistas na Câmara
Presidente da Câmara propõe votar prerrogativas antes da anistia para conter avanço do projeto
247 - Após conversas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e integrantes do governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), encontrou um plano para frear o avanço do projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro e a Jair Bolsonaro, condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão.
Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, de O Globo, a estratégia do deputado é pautar antes a votação de um projeto sobre prerrogativas parlamentares, que condicionaria o andamento de processos contra deputados e senadores à autorização do Congresso. Pelo texto em discussão, haveria um prazo de 45 a 60 dias para votação; caso isso não ocorra, o processo seria autorizado automaticamente.
Governo e oposição em choque
Fontes ligadas ao Palácio do Planalto afirmam que Motta não pretende colocar a anistia em votação de imediato. Já lideranças da oposição asseguram que o presidente da Câmara sinalizou apoio ao regime de urgência ainda nesta semana.
Um aliado próximo a Motta resumiu o dilema ao afirmar que “será preciso entregar algo aos deputados. Se Hugo e o governo se juntarem para derrubar, eles podem conseguir. Mas estarão contratando um problema lá para frente.”
Pressão do Centrão e cálculo político
O Centrão enxerga a anistia como pauta prioritária e avalia que a pressão do governo — incluindo ameaças de retirada de cargos e verbas — não será suficiente para impedir a aprovação. Por isso, a aposta de Motta é oferecer uma contrapartida concreta, que reduza a adesão ao projeto.
A proposta de mudar as regras sobre foro privilegiado já havia sido debatida em agosto, quando opositores condicionaram a suspensão da invasão ao plenário da Câmara à inclusão dessa medida após a prisão domiciliar de Bolsonaro. Deputados bolsonaristas alegaram que, enquanto estivessem sob inquéritos no STF, não se sentiriam seguros para votar a anistia.
Apoio cauteloso da oposição
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), chegou a defender a proposta como forma de “livrar os deputados da chantagem de ministros do Supremo”. No entanto, ele não especificou quem faria a chantagem nem de que maneira.
Apesar disso, líderes oposicionistas reconhecem que somente o projeto de prerrogativas não seria suficiente para conter a anistia. Em respeito a um acordo informal com Motta, evitaram críticas públicas e aguardam que o presidente da Câmara apresente formalmente sua proposta.